quarta-feira, 31 de maio de 2017

Novena de Oração

As novenas de orações fazem parte da tradição católica desde o inicio da Igreja primitiva. O povo se reunia em oração por novos dias em honra a Santíssima Trindade ou em dedicatória aos Anjos e Santos de Deus. Também pediam a intercessão dos Santos para alcançarem graças e bençãos dos Céus.
A Igreja vive as novenas imitando os primeiros discípulos que se reuniam com Apóstolos e com Maria Santíssima para orarem pela vinda do Espírito Paráclito. Assim como ordenou Jesus Cristo no dia de sua gloriosa ascensão.
São Lucas em seu segundo livro sagrado, Atos dos Apóstolos, narra:

"E a eles [Jesus] se manifestou vivo depois de sua Paixão, com muitas provas, aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando das coisas do Reino de Deus. E comendo com eles, ordenou-lhes que não se afastassem de Jerusalém, mas que esperassem o cumprimento da promessa de Seu Pai, que ouvistes, disse Ele, da minha boca; ‘porque João batizou na água, mas vós sereis batizados no Espírito Santo daqui há poucos dias’. Assim reunidos, eles o interrogavam: ‘Senhor, é porventura agora que ides instaurar o reino de Israel?’ Respondeu-lhes Ele: ‘Não vos pertence a vós saber os tempos nem os momentos que o Pai fixou em seu poder, mas descerá sobre vós o Espírito Santo e vos dará força; e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e Samaria e até os confins do mundo’. Dizendo isso elevou-se da (terra) à vista deles e uma nuvem o ocultou aos seus olhos.
Enquanto o acompanhavam com seus olhares, vendo-o afastar-se para o céu, eis que lhes apareceram dois homens vestidos de branco, que lhes disseram: ‘Homens da Galileia, por que ficais aí a olhar para o céu? Esse Jesus que acaba de vos ser arrebatado para o céu voltará do mesmo modo que o vistes subir para o céu’.
Voltaram eles então para Jerusalém do monte chamado das Oliveiras, que fica perto de Jerusalém, distante uma jornada de sábado. Tendo entrado no cenáculo, subiram ao quarto de cima, onde costumavam permanecer. Eram eles: Pedro e João, Tiago, André, Filipe, Tomé, Bartolomeu, Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão, o Zelador, e Judas, irmão de Tiago. Todos eles perseveravam unanimemente na oração, juntamente com as mulheres, entre elas Maria, mãe de Jesus, e os irmãos dele.
Chegando o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um ruído, como se soprasse um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados. Apareceu-lhes então uma espécie de línguas de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.” (At 1, 3-14.2, 1-4)

Após a Ressurreição do Senhor, por 40 dias Jesus apareceu aos seus discípulos e depois, diante dos Apóstolos, ascendeu aos céus. E assim, os seus discípulos permaneceram reunidos em oração até o dia de Pentecostes (que corresponde ao 50º dia pós Páscoa).
Então desde a promessa de Cristo até a descida do Espírito Santo, os Apóstolos, os discípulos e a Virgem Maria oram por nove dias seguidos. E a tradição permaneceu até os dias de hoje, sendo incorporadas as preces dedicadas aos Santos.
Ascensão do Senhor
Mas não existe uma obrigatoriedade na novena. Não precisa ser feito por dias seguidos. Pode, por exemplo, ser rezada uma vez por mês, por nove meses. Não é a exatidão de nove orações ou nove dias que determinará a graça pedida, mas sim a fé e a atitude do cristão.
Fazer uma novena, seja em honra a Santíssima Trindade ou dedicada aos Santos, em favor de um pedido deve ser acima de tudo um momento de profunda intimidade e oração para com Deus.
O Senhor irá nos conceder a sua graça não porque oramos por nove dias, mas porque mudamos nossas atitudes. A novena não é uma barganha com Deus ou uma simpatia. Por meio dela, elevamos nossa consciência a refletir e fortalecer nossa fé. Exige uma mudança de vida e de entrega ao Evangelho. Não existe uma novena mais poderosa ou milagrosa que outra. As orações da novena estão ligadas a fé.
Pentecostes
Os Apóstolos não receberam o Espírito Paráclito como premio da novena. Mas como Jesus havia prometido que receberiam, eles se reuniram em oração e conservaram a fé no Evangelho. Mudaram de vida e esperaram a graça de Deus.
Assim também deve ser nossa atitude e desejo ao realizar uma novena. Fortalecer a fé e se empenhar na oração. E para as comunidades cristãs, na proximidade da festa do padroeiro, a prática da novena deve ser para levar os fieis a compreensão do mistério de santidades de Deus para com seus filhos. Do mesmo modo, a Novena de Natal deve inspirar as comunidades a se prepararem para viver o mistério natalino da encarnação de Deus Filho.



Deus os abençoe, que o Espírito Santo te guie e que Maria Santíssima interceda por ti.


Que a paz de Cristo esteja contigo e com tua família!

quarta-feira, 10 de maio de 2017

A Senhora do Rosário de Fátima

No dia 13 de Maio de 1917 a Maria Santíssima apareceu a três pastorinhos, Lucia de 10 anos e seus primos, Francisco de 09 anos e Jacinta de 07 anos, no campo próximo da cidade de Fátima, em Portugal.
Uma Senhora mais brilhante que o Sol, vestida com roupas e um manto puramente alvejado, adornado com bordas de ouro. Nas mãos um Terço com contas de pérolas e a cruz de ouro. E o rosto jovem e sereno.
Ela trazia uma mensagem de paz e um pedido no coração. Recomendava a oração constante do Santo Rosário para se alcançar a paz no mundo, que vivia em guerra, e o perdão dos pecados.


Nossa Senhora de Fátima deu aos pastorinhos uma poderosa oração invocatória (ou jaculatória) a ser feita ao final de cada dezena do Santo Terço: “Ó Meu Jesus, perdoai-nos e livrai-nos do fogo do Inferno, levai as almas todas para o Céu; e socorrei principalmente as que mais precisarem!”.
Mas o mistério da aparição da Virgem Santíssima de Fátima é muito maior. Envolvem outras aparições, mensagens, incredulidade, perseguições, milagres e consagração.
A vidente Irmã Lucia relata e confessa a Igreja toda a história e mensagem de Fátima, por meio da publicação de suas memorias a pedido do Santo Padre. E tudo se iniciou em 1916, quando os pastorinhos receberam três visitas do Anjo da Paz, o Anjo da Guarda de Portugal, entre abril a outubro.
Nas visitas, o Anjo ensinou as crianças duas importantes orações que passaram a ser utilizada durante Adoração a Santíssima Eucaristia:

Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço-Vos perdão para os que não crêem, não adoram, não esperam e não Vos amam.
Santíssima Trindade, Pai, Filho, Espírito Santo, adoro-Vos profundamente e ofereço-Vos o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos do Seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores. Sagrado Coração de Jesus eu confio e espero em vós

E o Anjo da Paz anunciou que os três pastorinhos receberiam uma nova visita.
Em maio de 1917, as crianças receberam a visita da Virgem Santíssima, que se apresentou com a Senhora do Rosário. Ela apareceu como um clarão e convidando os pastorinhos, pediu que eles nos próximos cinco meses, sempre no dia 13 e no mesmo horário e lugar, viessem encontra-la.
Ao todo foram seis aparições de Senhora do Rosário de Fátima aos pequenos pastores (de maio a outubro), apenas no mês de agosto que o encontro foi no dia 19. Durante as visitações, Lucia via e conversava com a Senhora. Jacinta a via e a ouvia, porém não conversava com ela. E Francisco, apenas via a Virgem Bendita, mas não ouvia sua voz.
O povo não acreditou nas crianças videntes e chegaram ao ponto de persegui-las e prende-las. Nesta ocasião, no mês de agosto, que o encontro aconteceu em outro dia, quando elas estavam livres.
Nos demais encontro dos pastores com a Senhora de Fátima, outras pessoas iam juntas. No começo era poucas dezenas, mas nos últimos encontros já eram milhares. A multidão não via a Senhora do Rosário, mas presenciavam um misterioso clarão de luz.
Na sexta e ultima visita, a Virgem de Fátima realizará um milagre diante de todos, para que ninguém duvidasse. O Sol brilhou intensamente, sem cegar as vista, e girava vertiginosamente, suas bordas ficaram vermelhas e refletia raios de fogos. O milagre foi presenciado por milhares de pessoas, relatos afirmam terem visto o brilho em regiões a 40 quilômetros de distancia.
A mensagem de Maria Santíssima sempre foi a salvação dos filhos de Deus. Ela recomendava incessantemente a devoção a e oração do Santo Terço, para expiação dos pecados e como sacrifício para as almas condenadas não perecerem. E pediu que no local das aparições fosse construída uma igreja com o nome de Nossa Senhora do Rosário.
Ela contou a pequena pastora Lucia que seus primos não a acompanhariam por muito tempo e que varia outra visita. Francisco veio a falecer em 1919 e Jacinta em 1920. Ambos foram beatificados no ano 2000 pelo Papa João Paulo II e serão canonizados na data de centenário da aparição da Virgem de Fátima, em 2017, pelo Papa Francisco.
Irmã Lucia deve algumas visões e conversava com a Virgem Santíssima, ao longo de sua vida. Lucia seguiu uma vida religiosa e ingressou na ordem das Carmelitas, em 1948, adotando o nome Irmã Maria Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado (ou Irmã Lucia como popularmente é conhecida).
Ela faleceu em 2005 aos 97 anos de idade. E atendendo aos pedidos dos fieis, o Papa Bento XVI consentiu a abertura do Processo de Beatificação da Irmã Lúcia, em 2008. Apesar das normas canônicas estabelecerem o prazo de 05 anos pós data de óbito, o Santo Padre dispensou o prazo de 02 anos de espera que restava.

Da esquerda para direita: Lucia, Francisco e Jacinta

Entre as mensagens da Senhora de Fátima, houve segredos proféticos revelados ao longo da história em três partes. O Papa Pio XII revelou duas partes do segredo em 1942. A primeira parte é a visão do Inferno, que os pastorinhos viam as almas condenadas perecer no fogo eterno.
Maria Santíssima revela que o povo e a Igreja deve se unir em oração e penitencia para expiação dos pecados e alivio das almas. Foi anunciado o fim da Primeira Guerra Mundial, mas se os homens não se convertessem uma nova e maior guerra se instalaria.
A segunda parte é um apelo feito pela Virgem Bendita, que fosse instituída a devoção ao seu Imaculado Coração e que a Rússia fosse consagrada ao Imaculado Coração. Pois da Rússia se levantaria um inimigo da Igreja e da paz que traria guerras ao mundo – e que foi o Comunismo, que instigou a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria.
Em 1984, atendendo o apelo da Virgem de Fátima, o Papa João Paulo II consagrada todo o mundo ao Imaculado Coração de Maria. Poucos anos depois, se dá o fim da Guerra Fria, do Comunismo e a queda do Muro de Berlim.
Já a terceira parte do segredo foi um grande mistério que inspirou e amedrontou o imaginário de muita gente. Revelado no ano 2000, a Irmã Lucia relatou que via:

Um anjo com uma espada de fogo que soltava chamas que pareciam incendiar o mundo, mas que se apagava no esplendor de Nossa Senhora que dizia com a mão direita estendida: penitência, penitência e penitência!
Também se viu um bispo vestido de branco – e tivemos o pressentimento que fosse o Santo Padre – e outros bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas subirem uma montanha íngreme, que no topo havia uma grande Cruz de madeira.
O bispo vestido de branco atravessou uma cidade em ruínas, com um aspecto de dor e pena, rezando pelos mortos que se encontrava no caminho. De joelhos aos pés da Cruz foi morto por soldados que disparavam com arma de fogo e flechas. Atrás dele, morriam também os bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas e multidões de gente.
Sob os dois braços da Cruz, havia dois anjos que recolhiam o sangue dos mártires, e com ele regavam as almas que se aproximavam de Deus.

Muitos tentaram explicar ou interpretar a profecia, mas como afirmou a Irmã Lucia: a ela coube à visão, mas a interpretação e compressão cabem a Igreja. Assim, na época de divulgação do terceiro do segredo, o Cardeal Joseph Ratzinger (hoje Papa Emérito Bento XVI) a pedido do Santo Padre esclareceu os enigmas da visão profética.
Onde a visão não se referia ao um futuro preciso, que se realizará. Mas é um aviso e um pedido de conversão. Pois o mundo vivia em tempos de guerra e a Igreja era (e ainda é) perseguida pelo testemunho da Cruz, vivendo uma Via Sacra. Mas com a força do sangue dos mártires e pela proteção do Imaculado Coração de Maria, encontra-se a Salvação.
Visto que o próprio Papa João Paulo II afirma que pela proteção de Nossa Senhora de Fátima ele sobreviveu à tentativa de assassinato que sofrerá em 1981. Não há o que temer da visão profética da vidente Irmã Lucia.

Imagem da Paróquia Nossa Senhora de Fátima da Diocese de Uberlândia

Mas sim, atender ao apelo da Senhora do Rosário de Fátima: oração, penitência e dedicação ao seu Imaculado Coração para salvação dos homens, dos que vivem e dos que padecem.
Deus usa Nossa Senhora de Fátima para inspirar seus filhos a viverem o Evangelho de Jesus Cristo. Com anuncio de graça e de luz, proteção e refúgio. Em unidade com todos os povos e com a Igreja de Cristo, pela paz do mundo.

Que Deus os abençoe, que o Espirito Santo te ilumine e que Nossa Senhora do Rosário de Fátima te acompanhe.

A paz de Cristo esteja contigo e com sua família! Amém.

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Participar da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo

Na Sexta-feira da Paixão, às 15 horas, é celebrado no mundo inteiro a Leitura da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e a Veneração a Santa Cruz. Momento esse de extrema importância ao Catolicismo, onde a Igreja concede Indulgência Plenária aos fieis que participam piedosamente da veneração da Santa Cruz e beijam devotamente o Santo Lenho na solene Ação Litúrgica.
Toda a fé cristã tem a Santa Cruz de Cristo como alicerce. Sem a aceitação, entrega e sacrifício da Santa Cruz não pode haver ressurreição, nem salvação. O próprio Cristo aceitou e se entregou ao sacrifício da cruz, em obediência ao Pai (Fl 2, 8), para a remissão de nossos pecados e para a salvação do mundo inteiro.
Por isso o dia da Sexta-feira da Paixão é considerado feriado mundial, para que todos os cristãos possam participar da liturgia. Contudo, existem aqueles que preferem aproveitar o dia como uma folga, para aproveitar e descansar dos afazeres do dia-a-dia e até mesmo da vida cristã.
Na solene liturgia da sexta-feira santa recordamos os escritos dos evangelistas São Mateus, São Marcus, São Lucas e São João que narram a Paixão de Jesus Cristo (Mt 26, 36 – 27; Mc 14, 32 – 15; Lc 22, 39 – 23; Jo 18 – 19). E por meio do Evangelho vemos o que é ser, verdadeiramente, um católico: um humilde servo, semelhante ao Cristo, que segue Teus passos, que vive a missão do anuncio do Evangelho e guia seus irmãos ao Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14, 6), sem recuar da cruz.


Entretanto, muitos dos cristãos não imitam a Jesus e se assemelham as outras pessoas descritas no Evangelho da Paixão. Alguns são iguais ao povo e as multidões, que se deixam influenciar pelo momento e pelos outros. Não são firmes na fé.
Assim foram no Domingo de Ramos, aclamavam e louvavam a Deus pela vinda de Jesus Cristo, que adentrava em Jerusalém (Mt 21, 6-11). Mas na sexta-feira santa, O escarnecia e zombava d’Ele, gritando e pedindo a Sua morte, por influencia dos anciões e sacerdotes.
Já há outros cristãos que se identificam com os anciões e sacerdotes. Acham-se melhores que os outros, acreditam sempre ter razão e estarem certos quanto a tudo. Estão fechados em grupos e não aceitam a participação de outras pessoas. São cegos para o mundo e para necessidade do próximo.
Ficam sempre julgando os outros e querem estar por cima, para aparecer e serem visto como os bons. Possuem o ego muito grande. Não são capazes de serem humildes e aceitar os irmãos. Nem te trilhar um caminho de luz e de justiça.
Há também o cristão que imita a Pôncio Pilatos (clique aqui para conhecer um pouco mais sobre o governador). Reconhece seu irmão sofredor, não concorda com a injustiça. Entretanto não é capaz de mudar a realidade. Aceita toda a maldade do mundo e não luta pelo bem e não defende os inocentes. Chega ao ponto de “lavar as mãos” para se inocentar, mas na verdade se omite diante do mundo como cristão.
Alguns cristãos são como os ladrões crucificados ao lado de Jesus. É teimoso e bruto. Precisa sofrer e se humilhar, e no máximo da dor e da agonia que encontram a Luz. Mas tem aqueles que mesmo diante da Luz se recusam à aceita-la. Preferem viver de seu próprio modo e buscam a Deus apenas quando querem.
Tem o cristão que é como os amigos e discípulos do Cristo. Acompanham o Filho de Deus e desejam seguir teus passos. Mas vivem com certo receio o Evangelho, talvez porque tenham um pouco de medo, talvez porque precisar fortalecer a fé ou talvez porque necessitam de apoio para assumir verdadeiramente o compromisso e a missão do Mestre, que é a cruz.
E existe o cristão que é como Simão de Cirene, aceita carregar a cruz, deseja ajudar o seu irmão. Porém, não vai até o fim. Talvez com receio das consequências que são desconhecidas ou extraordinárias. Talvez até com medo de encarar o martírio.
Contemplar a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, acarreta para a Igreja e seu povo toda a compreensão da dor e luta necessária para se vencer o mal. Venerar a Santa Cruz traz o entendimento de todo o Evangelho e nos fortalece na missão de Amor de Deus.
Assim como o Cristo, todo o cristão deve assumir a cruz. Com dor, com sofrimento, com coragem, com amor. E aceitar o sacrifício e a missão do Evangelho, com obediência até a morte, para que o mundo viva a paz e conheça a Salvação de Deus.

Que Deus os abençoe, que o Espirito Santo te ilumine e que Maria Santíssima te acompanhe.


A paz de Cristo esteja contigo e com sua família! Amém.

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Os Tempos Litúrgicos

Para a Igreja Católica o tempo cíclico (ou anual) é diferente para a sociedade cívica. Enquanto o ano é dividido em 12 meses e se baseia nas quatro estações climáticas (Verão, Outono, Inverno e Primavera). Para a Igreja, é dividido nos grandes momentos da Vida e do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.
A divisão é chamada de Tempos Litúrgicos e é dividido em cinco Tempos e organizado em dois ciclos. Cada Tempo Litúrgico traz um sentido para a vida da Igreja.
A Igreja Católica vive dois grandes momentos da Vida de Jesus, o Natal e a Páscoa (que são os ciclos). O primeiro ciclo é o Natal e se inicia com o Tempo do Advento, que são os quatros domingos que antecede o dia 25 de Dezembro. Neste tempo, o Catolicismo vive a espera e a vigilância do advento do Salvador.
Depois do Advento, celebra-se o Natal do Senhor e a Igreja começa o Tempo do Natal (ou Natalino). As celebrações litúrgicas vivem a alegria do Nascimento da Luz e a Encarnação do Verbo.
O Tempo Natalino, juntamente com o Ciclo do Natal, se encerra com a celebração da Epifania do Senhor. A partir desse momento a Igreja muda para o Tempo Comum e a primeira celebração é o Batismo do Senhor.
No Tempo Comum conhecemos a Cristo. As celebrações apresentam o inicio da vida pública de Jesus e o acompanhamos a pregação de Seu Evangelho.
O Tempo Comum é interrompido com o inicio do Ciclo da Páscoa, na Quarta Feira de Cinzas e começa o Tempo da Quaresma (ou Quaresmal). Um tempo de aproximadamente 40 dias, para o cristão viver a penitencia e a preparação para a Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor.
No fim do Tempo Quaresmal, a Igreja celebra o Domingo de Ramos e inicia a Semana Santa e o Tríduo Pascal. No Domingo de Páscoa, vivemos a alegria da Ressurreição do Senhor e a realização da Salvação de Deus.
Iniciamos o Tempo da Páscoa (ou Pascal), onde celebra-se a aparição de Jesus Ressuscitado aos apóstolos e discípulos. Passado 50 dias da Páscoa, o encerramento deste tempo e deste ciclo, ocorre com a festa do Pentecoste.
Retorna-se ao Tempo Comum e a Igreja volta a acompanhar a vida de Jesus e junto com os discípulos aprendem a viver e a praticar o Evangelho. E a segunda parte do Tempo Comum se conclui com a festa do Cristo Rei do Universo.


Assim é feito a divisão do Tempo Litúrgico no calendário da Igreja, após a festa de Cristo Rei retorna-se ao Advento e um novo ano litúrgico se inicia novamente. Porém, o novo ano que se inicia trás uma diferença do ano anterior. Apesar dos Tempos Litúrgicos serem os mesmo, dentro das celebrações há uma diferenciação na leitura dos livros do Evangelho.
A cada ano, as celebrações e missas são feitas a partir de um evangelista. Assim, o ano litúrgico também é dividido em Ano A, Ano B e Ano C. Onde, o Ano A tem-se o Evangelho de São Mateus; o Ano B é o Evangelho de São Marcos; e o Ano C faz-se a leitura do Evangelho de São Lucas.
Encerrando-se os três evangelistas, começa novamente o ciclo. Somente o Evangelho de São João que não tem um ano dedicado, pois a leitura e reflexão deste Evangelho acontecem durante qualquer ano, nos dias festivos.
E outra característica de cada Tempo Litúrgico é a cor que o simboliza e o representa: o Tempo do Advento e da Quaresma, tem-se a cor roxa; o Tempo do Natal e da Páscoa, a cor branca; o Tempo Comum traz a cor verde; e os dias festivos e santos utiliza-se a cor branca ou vermelha.

Deus te abençoe, que o Espírito Santo te guie e que Maria Santíssima interceda por ti.


A Paz de Cristo esteja contigo e com a tua família!

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

A festa do Natal, não é um aniversário

Para muitos, o Natal é apenas um dia de festa, de reunir a família, de folgar no serviço, de viajar, de dar ou ganhar presentes, de fazer caridade ou um gesto de solidariedade.
Mas para os católicos, é a festa do nascimento de Jesus Cristo. No dia 25 de dezembro, é celebrada a natividade de Nosso Senhor na gruta de Belém e o anuncio dos anjos aos pastores.
E a Igreja vive esse momento em todos os anos. Não é possível deixar de celebrar essa graça, pois foi pelo nascimento do Filho do Altíssimo que foi possível conhecer a Salvação.
Celebrar o Natal é comemorar e se alegrar com as glorias de Deus para com os homens – “Gloria a Deus no mais alto dos céus e na terra paz aos homens, objetos da benevolência (divina)” (Lc 2, 14).
E assim é feito, a Igreja se prepara profundamente para a festa do Natal. Vivemos o tempo do Advento, vigilantes e atentos para a vinda do Messias. E a Mãe Igreja também nos convida a celebrarmos o Natal em família, para também vivermos em nossos lares a alegria da vinda do Salvador.
Contudo, o sentido da festa do Natal foi se perdendo e se tornou um apelo comercial. Porém os cristãos não pode perde a essência da celebração e da vivencia natalina.
Mas é o que acontece. É comum se ver em lares católicos a festa de Natal sendo celebrada sem a essência primordial, Jesus Cristo. Pois muitos deixam de participar da Santa Missa na noite de véspera e no dia de Natal. Porque estão ocupados providenciando a ceia e a decoração da festa realizada em casa.
Outros se preocupam com os presentes. E essa preocupação vem se tornando maior a partir da ideia que o Natal é a festa de aniversario do Menino Jesus. E como todo aniversario tem que haver presentes.
Não chega a ser uma heresia, um pecado ou um erro dizer que no Natal o Menino Jesus é o aniversariante. Mas essa ideia deve ser uma analogia para o entendimento daqueles que não conhecem ou que não entendem a festa do dia 25 de dezembro.
É compreensível o uso dessa ideia relação de forma didática. Porém, teologicamente, é muito errado. Pois comemorar um aniversário, é celebrar mais um ano de um determinado acontecimento (nesse caso, a analogia seria com a celebração de mais um ano de vida).
Mas o Natal, não é apenas mais uma celebração anual. E sim, uma celebração memorial. Ou seja, durante a celebração do Natal, a Igreja vive o momento do nascimento do Menino Jesus, “envolto em faixas e posto numa manjedoura” (Lc 2, 12).
Toda a Igreja está reunida com Maria e José, com os pastores e com os Anjos para adorar e glorificar a Deus e ao seu Filho Unigênito. E assim também deve ser em nossas casas. Reunimos a família e celebramos a alegria do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Quem fala que o Natal é o aniversário do Menino Jesus não está totalmente errado, só não compreende. Mas nós cristão católicos, não podemos deixar se perder o verdadeiro sentido do Natal. Devemos sempre viver a memoria e a alegria daquela noite santa, esplendorosa e magnifica, na qual o Deus Filho habita a terra para se cumprir o desejo divino de salvação e restauração aos homens de benevolência divina.

Desejo-lhe um Santo Natal. Deus te abençoe, que o Espírito Santo te guie e que Maria Santíssima interceda por ti.


A Paz de Cristo esteja contigo e com a tua família!

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Ó Maria concebida sem pecado

Imaculada Conceição

A virgem Maria de Nazaré foi eleita e escolhida pelo Senhor Deus para ser a mãe do Seu Filho unigênito, para ser a genitora do Redentor e para ser a Sagrada Família do Filho do Homem. E Deus a escolheu por Amor à humanidade, a Sua criação e para o beneficio e salvação do mundo inteiro.
E neste mesmo Amor, o Filho de Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo, deu a Sua mãe a todos nós, para que pudéssemos também viver a Sagrada Família que Ele viveu, para que tenhamos uma Mãe Bendita, que cuida e zela por seus filhos amados.
Mas a escolha de Mãe de Deus, não foi ao acaso. Deve toda uma preparação, um cuidado e um carinho, para que Maria vivesse por Deus e para Deus. E assumisse, verdadeiramente, o projeto do Senhor e se entregasse por completo, "Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra" (Lc 1, 38).
Por tudo isso, Deus Pai concebeu Maria sem pecado. Para preenchê-la de toda graça e moldar seu coração e seu alma para o cumprimento da Salvação Divina. Portanto, o anjo Gabriel ao encontrar-se com a Virgem de Nazaré, lhe diz: “Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo. Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus” (Lc 1, 28.30).
 Maria, já havia recebido a graça de Deus, pois ela havia de ser a Mãe do Filho do Altíssimo. E a sua graça, foi lhe dada antes de sua concepção. Ela que foi gerada sem a mácula do pecado original. Pois este era o desejo do Pai – “Antes que no seio fosses formado, Eu já te conhecia; antes do teu nascimento, Eu já te havia consagrado” (Jr 1, 5). 
Todos nós nascemos manchados pelo pecado de Adão e Eva, como escreve o apóstolo Paulo em sua Epistolas aos Romanos: “Por isso, como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim a morte passou a todo gênero humano, porque todos pecaram... Portanto, como pelo pecado de um só a condenação se estendeu a todos os homens.” (Rm 5, 12.18a).
Porém, para Deus não é impossível preservar uma pessoa do pecado, para que fosse santa e pura.  A Imaculada Conceição de Maria é uma verdade de fé, um dogma da Igreja Católica, que revela o Mistério de Amor que o Senhor Deus tem por nós. Ao preserva-la do pecado original, o Pai quis preparar para Seu Filho Unigênito uma morada santa e pura.
Mas esse dogma já foi muito discutido no seio da Igreja, apesar da Tradição e dos Padres e Doutores da Igreja defenderem essa verdade. Pois é de difícil compreensão entender tamanho mistério. 
Principalmente, na questão que se Maria nascerá sem pecado, não precisava da justificação e da redenção dada por Cristo e estaria excluída do projeto de Salvação de Deus. O que seria contrário as Sagradas Escrituras: se pelo pecado de Adão todos fomos condenados ao pecado, e por ele a morte, pela graça e ação redentora de Jesus Cristo, fomos todos, copiosamente, justificados (Rm 5, 15ss).
Contudo, no ano de 1304, o beato João Duns Escoto, um irmão franciscano, solucionou os questionamentos teológicos a respeito do dogma da concepção sem mácula da Virgem Maria Santíssima.
Ao defender e afirmar que Maria não era melhor que os outros e que não precisaria da ação redentora de Jesus Cristo por ser Imaculada. Mas na verdade, ela foi a primeira a conhecer a redenção de Nosso Senhor. Pelo dom da justiça de Jesus, Sua mãe foi salva e liberta do pecado, antes de sua concepção.
Porque o Senhor Deus pode, quis e fez. Pois Maria era a predestinada a ser a Mãe de Deus, pela ação do Espirito Santo (Lc 1, 30-35). 
Assim o Filho do Homem, ao aniquilar-se de Sua condição divina e assumisse a condição humana (Fl 2, 6s) pelo seio da Imaculada Virgem Maria, seria como nós – com exceção do pecado (Hb 4, 15).
Cenas do filme italiano "Duns Scotus", de 2010, dirigido por Fernando Muruca.

Os argumentos do beato Escotos fortaleceram dentro da Igreja a devoção popular já existente da Imaculada Conceição. E em 1830, a Virgem Maria apareceu a Santa Catarina Labouré e pediu que se cunhasse uma medalha devocional com a oração "ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós". Fomentando, ainda mais, a devoção mariana na imagem de Imaculada.
A partir desse momento, o Papa Pio IX definiu oficialmente em toda Igreja a verdade dogmática e a fé do povo, proclamando que Deus Pai em toda Sua glória e poder preservou Maria no instante de sua concepção da mancha do pecado original dos filhos Adão. O manifesto papal foi no dia 08 de Dezembro de 1854, por meio da bula Ineffabilis Deus. Instituindo também este dia como festivo para o calendário da Igreja.
E para reconhecimento de todos, unindo a fé e a razão da Igreja Celeste com a Igreja terrena, no ano de 1858, Nossa Senhora apareceu em Lourdes para a Santa Bernadette e anunciou: "Eu sou a Imaculada Conceição".


Pela intercessão de Nossa Senhora da Imaculada Conceição, Deus Pai o abençoe, o Espírito Santo te guie e que Cristo lhe dê a Sua Paz e a tua família.

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Os Santos Evangelhos - Mateus, Marcos, Lucas e João

No mês de Setembro a Igreja se dedica as Sagradas Escrituras e celebra a memória do apóstolo e evangelista, São Mateus. Ela nos convida a estudar e meditar a Bíblia Sagrada, a exaltar os Livros do Antigo e do Novo Testamento que narram a historia do povo de Deus e da Igreja do Senhor, a contemplar os autores sagrados que foram inspirados pelo Espirito Santo e fazer da Bíblia uma essência primordial para nossa vida cristã.

E aproveitando as festividades de São Mateus, vamos aceitar o convite da Santa Mãe Igreja e façamos uma breve reflexão sobre o Santo Evangelho escrito por Mateus. Mas também refletiremos os Evangelhos escritos por São Marcos, por São Lucas e pelo apóstolo São João.

São quatros Evangelhos que estão compilados nas Sagradas Escrituras. Todos relatam a vida de Jesus Cristo. Mas cada um traz um aspecto único, porque foram escritos por pessoas diferentes, cada qual, de acordo com o contato que tiveram com o Cristo. Além de cada autor estar passando por um momento distinto e o seu publico alvo se diferente.

Os Evangelhos escritos por Mateus, Marcos e Lucas são considerados sinóticos, pois apresentam uma “mesma” ótica de Jesus, narram a Sua vida com descrição. Contudo, entre eles existem muitas peculiaridades. E o Evangelho de João, apresenta outra visão sobre Jesus, mas focado em seu discurso.


São Mateus, apóstolo e evangelista
São Mateus foi um publicanos (cobrador de imposto) que trabalhava para o Império Romano. Ele era judeu e aceitou o convite de Jesus para segui-lo e conhecer uma nova vida (Mt 9, 9).

Ele acompanhou a Jesus, viveu a Sua vida, presenciou Suas obras e foi escolhido para ser apóstolo (Mt 10, 1-2). E ele presenciou o cumprimento da Salvação de Deus, pela paixão, morte e ressurreição do Cristo. Mateus esteve e viveu junto com o Messias.

E essa é a teologia que o apóstolo proclama em seus escritos, Jesus Cristo é o Messias e Salvador.

Os escritos de Mateus foram feitos entre os judeus e para os judeus. Pois, o povo aguardava a vinda do Messias que libertaria os judeus e restauraria a glória de Israel. Esperavam por um rei, como Davi, que lutasse contra seus inimigos e seria o mais poderoso governante.

Contudo, o apóstolo reconheceu a realiza de Jesus e compreendeu que o Messias aguardado não seria um poderoso rei, mais um humilde servo. Que libertaria, não a carne, mais a alma, do maior inimigo dos homens, o pecado e a morte.

Por isso, no seu Evangelho, existem muitas citações e referencias ao Antigo Testamento. O autor sagrado inicia seus escritos, apresentando a herança de Jesus advinda de Davi e de Abraão. E os relatos descritos da vida de Jesus são para mostrar que Ele é o Salvador anunciado pelos profetas e pela lei.

E por meio de seus escritos, conhecemos o grande mistério de Jesus Cristo, o Filho de Deus, que movido pelo Espirito Santo fundamenta uma igreja motivada na construção do Reino dos Céus.

O Evangelho de Mateus é uma catequese que inspirou a Igreja primitiva e até hoje nós ensina sobre a vida de Jesus e a realização da promessa de Deus. Guiando a Santa Igreja a viver o anuncio da Boa-Nova.


São Marcos, evangelista 
O Evangelho de São Marcos foi o primeiro relato escrito da vida de Jesus e foi inspiração para os demais evangelistas. Apesar de ser o mais curto, entre os demais Evangelhos, seus escritos é de profunda significância para a vida da Igreja.

Marcos acompanhou a primeira viagem missionaria de Paulo e Barnabé e depois viveu junto de Pedro, seguindo-o e ouvindo seus relatos e seus discursos. Seus escritos foram inspirados pelo primeiro apostolo e serviu de motivação para as comunidades cristãs primitivas.

Marcos escrevia em um momento que as comunidades cristãs cresciam. Mas do que orientar sobre a vida de Jesus, o evangelista queria mostrar qual o caminho a ser percorrido. Por isso, ele cita de modo breve os acontecimentos, mas especifica o sentido da ação do Senhor.

O seu Evangelho é considerado com um Evangelho de Ação. A todo o momento, Cristo faz age em favor da humanidade, seja um ensinamento, uma cura ou uma libertação. Mas Ele não fica ali, O Senhor depois partir para outro local, em busca de outra pessoa que precisa d’Ele. São Marcos queria mostrar as comunidades que não devem ficar parada, e sim, agir a serviço dos irmãos.

Outro momento em que a Igreja estava vivendo, foi a perseguição promovida pelo imperador romano Nero (por volta de 67 d.C.) e a morte do apóstolo Pedro. Assim, o autor sagrado escrevia as Boas Novas para inspirar a Igreja a se manter firme.

Ainda que o caminho do martírio fosse iminente, a Igreja não podia parar. São Marcos, procurar explicitar em seu Evangelho a obrigação de viver a cruz, como sinal de entrega, e apesar do sofrimento, significa esperança (Mc 8, 34-35).

O Evangelho de São Marcos é um exemplo para a Igreja e para os cristãos, de como Jesus e seus discípulos vivam. De forma simples e breve, Marcos convida a todos a seguir e obedecer ao Cristo, pois Ele é o Mestre e Nosso Senhor.


São Lucas, evangelista
São Lucas foi o médico e discípulo do apóstolo Paulo. Ao lado do apóstolo missionário, o evangelista conheceu a realidade dos cristãos, em especial os pagãos, e a necessidade das comunidades cristãs.

Por isso, o seu Evangelho descreve a vida de Jesus e o seu relacionamento com seus discípulos e com o povo, principalmente para com os pobres e excluídos. Em seu texto sagrado, também encontram-se os relatos da ação de Jesus para com pagãos, sem deixar de acolhe-los.

Lucas também é considerado o autor do livro Atos dos Apóstolos, onde descreve a continuidade da mensagem de Jesus por meio da ação da Igreja e de seus discípulos. O Evangelho escrito a partir do testemunho dos discípulos e das investigações realizadas pelo evangelista e o livros dos Atos por meio do convívio com as comunidades cristãs e com os discípulos e apóstolos. E ambos os escritos foram dedicados a Teófilo (Lc 1, 1-4 e At 1, 1-2).

Para o autor sagrado, a sua intenção maior era escrever sobre a Boa-Nova proclamada por Jesus, a Salvação. Mistério esse não restrito a Israel ou aos judeus, mas sim a todas as nações e povos (Lc 24, 46-47).

Ele anuncia a remissão dos pecados, a cura para os enfermos, abrigo para os desamparados e consolo para os perdidos. Por essa razão, seus escritos são considerados como o Evangelho da Misericórdia e da Alegria. Jesus Cristo é relatado como o Senhor e é sempre bondoso e amigo, e está pronto para acolher o pobre e os excluídos.

Lucas narra a intima relação do Filho do Homem com a humanidade, descrevendo o Seu nascimento, a relação de sua mãe com o Filho, o cumprimento da lei na vida de Jesus. Mas também proclama que Ele é o Messias esperado, o Senhor que liberta o povo e também é Servo de Deus.

Lucas também relata, com mais detalhes, as curas e os milagres operados pelo Cristo. E traz o discurso salvífico nas parábolas e nos sermões que Jesus faz ao povo que o segue.

O Evangelho de São Lucas é para a Igreja um exemplo de vida missionaria, que vai ao encontro do outro a fim de proclamar a Salvação. Ele nos ensina quais as atitudes que devemos ter para imitarmos a Jesus e sermos verdadeiros discípulos.

São João, apóstolo e evangelista
O Evangelista João foi o apóstolo amado por Jesus e que o acompanhou em momentos íntimos de oração e presenciou a Transfiguração (Mt 17, 1-2). Também é o autor das três epistolas que levam seu nome e do livro do Apocalipse.

O seu Evangelho se difere dos demais porque é mais focado na presença espiritual de Jesus, utilizando-se de símbolos e metáforas e alegorias para exemplificar os discursos do Mestre. Também apresenta discursos extensos e lições que o Cristo dá aos discípulos para ensina-los e corrigi-los.

São João não explora muito os milagres, cita apenas sete e os trata como sinais, pois são verdadeiros fatos, obras significativas que transformaram a vida das pessoas. O seu intuito é revelar a Igreja a divindade da pessoa de Jesus Cristo.

O apóstolo expõe em seus escritos a relação da Santíssima Trindade, a fim de revelar aos cristãos advindos do paganismo e do judaísmo, que Jesus é o Filho de Deus, que age pela ação do Espirito Santo pela vontade de Deus Pai.

Por essa razão seu Evangelho é rico em simbolismo, pois ele quer fazer compreensível o mistério da vinda do Verbo e o seu plano de salvação. O evangelista também utiliza de tais recursos, para que seus contemporâneos também possam conhecer e crer na presença real e redentora do Cordeiro de Deus.

Toda a Igreja se beneficia com o Evangelho de São João. Por meio do autor sagrado temos as revelações e compreensão dos dogmas e dos Sacramentos que fundamento a Igreja Católica.


Existem outros inúmeros registros sobre a vida de Jesus Cristo, mas a Igreja têm nos Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João toda a essência e revelação da presença do Filho de Deus e os Seus desígnios para os discípulos. Também, foram os textos destes autores sagrados que constituíram e elevaram espiritualmente as comunidades cristãs.

E como comprovações do extremo valor dos Santos Evangelhos no seio da Santa Igreja, tem-se no livro do Apocalipse, a manifestação profética do apóstolo São João:

“Imediatamente, fui arrebatado em espírito; no céu havia um trono, e nesse trono estava sentado um Ser. E quem estava sentado assemelhava-se pelo aspecto a uma pedra de jaspe e de sardônica. Um halo, semelhante à esmeralda, nimbava o trono. Ao redor havia vinte e quatro tronos, e neles, sentados, vinte e quatro Anciãos vestidos de vestes brancas e com coroas de ouro na cabeça.

Do trono saíam relâmpagos, vozes e trovões. Diante do trono ardiam sete tochas de fogo, que são os sete Espíritos de Deus. Havia ainda diante do trono um mar límpido como cristal. Diante do trono e ao redor, quatro Animais vivos cheios de olhos na frente e atrás. O primeiro animal vivo assemelhava-se a um leão; o segundo, a um touro; o terceiro tinha um rosto como o de um homem; e o quarto era semelhante a uma águia em pleno vôo. Estes Animais tinham cada um seis asas cobertas de olhos por dentro e por fora. Não cessavam de clamar dia e noite: ‘Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Dominador, o que é, o que era e o que deve voltar’. E cada vez que aqueles Animais rendiam glória, honra e ação de graças àquele que vive pelos séculos dos séculos, os vinte e quatro Anciãos inclinavam-se profundamente diante daquele que estava no trono e prostravam-se diante daquele que vive pelos séculos dos séculos, e depunham suas coroas diante do trono, dizendo: ‘Tu és digno Senhor, nosso Deus, de receber a honra, a glória e a majestade, porque criaste todas as coisas, e por tua vontade é que existem e foram criadas.’” (Ap 4, 2-11)

O Senhor é Aquele que está no Trono, os Anciões é a Igreja e os Animais que rodeiam e contempla o Trono são os Santos Evangelhos. Pois por meio do anuncio da Boa-Nova que a Igreja é capaz de conhecer, contemplar, proclamar, anunciar, glorificar e render graças ao Senhor.

E segundo a tradição da Igreja, os Animais representam cada um evangelista conforme seus escritos. Onde: o leão simboliza o Evangelho de São Marcos, pois este se inicia com o profeta São João Batista clamando no deserto; o touro representa o Evangelho de São Lucas, que começa citando o sacerdote Zacarias que oferece sacrifico no santuário do Senhor; o animal com rosto de homem é o símbolo do Evangelho de São Mateus porque descreve a genealogia de Jesus Cristo no inicio de seus escritos; e o ultimo animal, a águia em pleno vôo é o Evangelho de São João, que descreve a presença do Verbo de Deus nos altos céus e que vem a terra, e se encarna, fazendo-se Homem.


Artigo: Sacred Symbols: The Four Evangelists (Tetramorph) - disponivel no endereço: https://mikejklug.wordpress.com/2014/07/21/sacred-symbols-the-four-evangelists-tetramorph/
Vitrais da Igreja Episcopal São Marcos em Grand Rapids, Michigan
Como católicos devemos viver segundo o Santo Evangelho, e aprender neles a essência que nos faz filhos de Deus, irmãos em Cristo e discípulos missionários do Amor, que busca evangelizar e proclamar a Salvação do Nosso Senhor.


Que Deus os abençoe, que o Espírito Santo os guie e que Maria Santíssima interceda por vós.


Que a Paz de Cristo esteja convosco e com vossa família!