No mês de Setembro a Igreja
se dedica as Sagradas Escrituras e celebra a memória do apóstolo e evangelista,
São Mateus. Ela nos convida a estudar e meditar a Bíblia Sagrada, a exaltar os
Livros do Antigo e do Novo Testamento que narram a historia do povo de Deus e
da Igreja do Senhor, a contemplar os autores sagrados que foram inspirados pelo
Espirito Santo e fazer da Bíblia uma essência primordial para nossa vida cristã.
E aproveitando as
festividades de São Mateus, vamos aceitar o convite da Santa Mãe Igreja e
façamos uma breve reflexão sobre o Santo Evangelho escrito por Mateus. Mas
também refletiremos os Evangelhos escritos por São Marcos, por São Lucas e pelo
apóstolo São João.
São quatros Evangelhos que
estão compilados nas Sagradas Escrituras. Todos relatam a vida de Jesus Cristo.
Mas cada um traz um aspecto único, porque foram escritos por pessoas
diferentes, cada qual, de acordo com o contato que tiveram com o Cristo. Além
de cada autor estar passando por um momento distinto e o seu publico alvo se diferente.
Os Evangelhos escritos por
Mateus, Marcos e Lucas são considerados sinóticos, pois apresentam uma “mesma”
ótica de Jesus, narram a Sua vida com descrição. Contudo, entre eles existem
muitas peculiaridades. E o Evangelho de João, apresenta outra visão sobre
Jesus, mas focado em seu discurso.
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São Mateus, apóstolo e evangelista |
São Mateus foi um publicanos
(cobrador de imposto) que trabalhava para o Império Romano. Ele era judeu e
aceitou o convite de Jesus para segui-lo e conhecer uma nova vida (Mt 9, 9).
Ele acompanhou a Jesus, viveu
a Sua vida, presenciou Suas obras e foi escolhido para ser apóstolo (Mt 10,
1-2). E ele presenciou o cumprimento da Salvação de Deus, pela paixão, morte e
ressurreição do Cristo. Mateus esteve e viveu junto com o Messias.
E essa é a teologia que o
apóstolo proclama em seus escritos, Jesus Cristo é o Messias e Salvador.
Os escritos de Mateus foram
feitos entre os judeus e para os judeus. Pois, o povo aguardava a vinda do
Messias que libertaria os judeus e restauraria a glória de Israel. Esperavam
por um rei, como Davi, que lutasse contra seus inimigos e seria o mais poderoso
governante.
Contudo, o apóstolo
reconheceu a realiza de Jesus e compreendeu que o Messias aguardado não seria
um poderoso rei, mais um humilde servo. Que libertaria, não a carne, mais a
alma, do maior inimigo dos homens, o pecado e a morte.
Por isso, no seu Evangelho,
existem muitas citações e referencias ao Antigo Testamento. O autor sagrado
inicia seus escritos, apresentando a herança de Jesus advinda de Davi e de
Abraão. E os relatos descritos da vida de Jesus são para mostrar que Ele é o
Salvador anunciado pelos profetas e pela lei.
E por meio de seus escritos,
conhecemos o grande mistério de Jesus Cristo, o Filho de Deus, que movido pelo
Espirito Santo fundamenta uma igreja motivada na construção do Reino dos Céus.
O Evangelho de Mateus é uma
catequese que inspirou a Igreja primitiva e até hoje nós ensina sobre a vida de
Jesus e a realização da promessa de Deus. Guiando a Santa Igreja a viver o
anuncio da Boa-Nova.
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São Marcos, evangelista |
O Evangelho de São Marcos foi
o primeiro relato escrito da vida de Jesus e foi inspiração para os demais
evangelistas. Apesar de ser o mais curto, entre os demais Evangelhos, seus
escritos é de profunda significância para a vida da Igreja.
Marcos acompanhou a primeira
viagem missionaria de Paulo e Barnabé e depois viveu junto de Pedro, seguindo-o
e ouvindo seus relatos e seus discursos. Seus escritos foram inspirados pelo
primeiro apostolo e serviu de motivação para as comunidades cristãs primitivas.
Marcos escrevia em um momento
que as comunidades cristãs cresciam. Mas do que orientar sobre a vida de Jesus,
o evangelista queria mostrar qual o caminho a ser percorrido. Por isso, ele
cita de modo breve os acontecimentos, mas especifica o sentido da ação do
Senhor.
O seu Evangelho é considerado
com um Evangelho de Ação. A todo o momento, Cristo faz age em favor da
humanidade, seja um ensinamento, uma cura ou uma libertação. Mas Ele não fica
ali, O Senhor depois partir para outro local, em busca de outra pessoa que
precisa d’Ele. São Marcos queria mostrar as comunidades que não devem ficar
parada, e sim, agir a serviço dos irmãos.
Outro momento em que a Igreja
estava vivendo, foi a perseguição promovida pelo imperador romano Nero (por
volta de 67 d.C.) e a morte do apóstolo Pedro. Assim, o autor sagrado escrevia
as Boas Novas para inspirar a Igreja a se manter firme.
Ainda que o caminho do
martírio fosse iminente, a Igreja não podia parar. São Marcos, procurar
explicitar em seu Evangelho a obrigação de viver a cruz, como sinal de entrega,
e apesar do sofrimento, significa esperança (Mc 8, 34-35).
O Evangelho de São Marcos é
um exemplo para a Igreja e para os cristãos, de como Jesus e seus discípulos
vivam. De forma simples e breve, Marcos convida a todos a seguir e obedecer ao
Cristo, pois Ele é o Mestre e Nosso Senhor.
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São Lucas, evangelista |
São Lucas foi o médico e
discípulo do apóstolo Paulo. Ao lado do apóstolo missionário, o evangelista
conheceu a realidade dos cristãos, em especial os pagãos, e a necessidade das
comunidades cristãs.
Por isso, o seu Evangelho
descreve a vida de Jesus e o seu relacionamento com seus discípulos e com o
povo, principalmente para com os pobres e excluídos. Em seu texto sagrado,
também encontram-se os relatos da ação de Jesus para com pagãos, sem deixar de
acolhe-los.
Lucas também é considerado o
autor do livro Atos dos Apóstolos, onde descreve a continuidade da mensagem de
Jesus por meio da ação da Igreja e de seus discípulos. O Evangelho escrito a
partir do testemunho dos discípulos e das investigações realizadas pelo evangelista
e o livros dos Atos por meio do convívio com as comunidades cristãs e com os
discípulos e apóstolos. E ambos os escritos foram dedicados a Teófilo (Lc 1,
1-4 e At 1, 1-2).
Para o autor sagrado, a sua
intenção maior era escrever sobre a Boa-Nova proclamada por Jesus, a Salvação.
Mistério esse não restrito a Israel ou aos judeus, mas sim a todas as nações e
povos (Lc 24, 46-47).
Ele anuncia a remissão dos
pecados, a cura para os enfermos, abrigo para os desamparados e consolo para os
perdidos. Por essa razão, seus escritos são considerados como o Evangelho da
Misericórdia e da Alegria. Jesus Cristo é relatado como o Senhor e é sempre
bondoso e amigo, e está pronto para acolher o pobre e os excluídos.
Lucas narra a intima relação
do Filho do Homem com a humanidade, descrevendo o Seu nascimento, a relação de
sua mãe com o Filho, o cumprimento da lei na vida de Jesus. Mas também proclama
que Ele é o Messias esperado, o Senhor que liberta o povo e também é Servo de
Deus.
Lucas também relata, com mais
detalhes, as curas e os milagres operados pelo Cristo. E traz o discurso
salvífico nas parábolas e nos sermões que Jesus faz ao povo que o segue.
O Evangelho de São Lucas é
para a Igreja um exemplo de vida missionaria, que vai ao encontro do outro a
fim de proclamar a Salvação. Ele nos ensina quais as atitudes que devemos ter
para imitarmos a Jesus e sermos verdadeiros discípulos.
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São João, apóstolo e evangelista |
O Evangelista João foi o apóstolo
amado por Jesus e que o acompanhou em momentos íntimos de oração e presenciou a
Transfiguração (Mt 17, 1-2). Também é o autor das três epistolas que levam seu
nome e do livro do Apocalipse.
O seu Evangelho se difere dos
demais porque é mais focado na presença espiritual de Jesus, utilizando-se de
símbolos e metáforas e alegorias para exemplificar os discursos do Mestre.
Também apresenta discursos extensos e lições que o Cristo dá aos discípulos
para ensina-los e corrigi-los.
São João não explora muito os
milagres, cita apenas sete e os trata como sinais, pois são verdadeiros fatos,
obras significativas que transformaram a vida das pessoas. O seu intuito é
revelar a Igreja a divindade da pessoa de Jesus Cristo.
O apóstolo expõe em seus
escritos a relação da Santíssima Trindade, a fim de revelar aos cristãos
advindos do paganismo e do judaísmo, que Jesus é o Filho de Deus, que age pela
ação do Espirito Santo pela vontade de Deus Pai.
Por essa razão seu Evangelho
é rico em simbolismo, pois ele quer fazer compreensível o mistério da vinda do
Verbo e o seu plano de salvação. O evangelista também utiliza de tais recursos,
para que seus contemporâneos também possam conhecer e crer na presença real e
redentora do Cordeiro de Deus.
Toda a Igreja se beneficia com
o Evangelho de São João. Por meio do autor sagrado temos as revelações e
compreensão dos dogmas e dos Sacramentos que fundamento a Igreja Católica.
Existem outros inúmeros
registros sobre a vida de Jesus Cristo, mas a Igreja têm nos Evangelhos de
Mateus, Marcos, Lucas e João toda a essência e revelação da presença do Filho
de Deus e os Seus desígnios para os discípulos. Também, foram os textos destes
autores sagrados que constituíram e elevaram espiritualmente as comunidades
cristãs.
E como comprovações do
extremo valor dos Santos Evangelhos no seio da Santa Igreja, tem-se no livro do
Apocalipse, a manifestação profética do apóstolo São João:
“Imediatamente, fui
arrebatado em espírito; no céu havia um trono, e nesse trono estava sentado um
Ser. E quem estava sentado assemelhava-se pelo aspecto a uma pedra de jaspe e
de sardônica. Um halo, semelhante à esmeralda, nimbava o trono. Ao redor havia
vinte e quatro tronos, e neles, sentados, vinte e quatro Anciãos vestidos de
vestes brancas e com coroas de ouro na cabeça.
Do trono saíam relâmpagos,
vozes e trovões. Diante do trono ardiam sete tochas de fogo, que são os sete
Espíritos de Deus. Havia ainda diante do trono um mar límpido como cristal.
Diante do trono e ao redor, quatro Animais vivos cheios de olhos na frente e
atrás. O primeiro animal vivo assemelhava-se a um leão; o segundo, a um touro;
o terceiro tinha um rosto como o de um homem; e o quarto era semelhante a uma
águia em pleno vôo. Estes Animais tinham cada um seis asas cobertas de olhos
por dentro e por fora. Não cessavam de clamar dia e noite: ‘Santo, Santo, Santo
é o Senhor Deus, o Dominador, o que é, o que era e o que deve voltar’. E cada
vez que aqueles Animais rendiam glória, honra e ação de graças àquele que vive
pelos séculos dos séculos, os vinte e quatro Anciãos inclinavam-se
profundamente diante daquele que estava no trono e prostravam-se diante daquele
que vive pelos séculos dos séculos, e depunham suas coroas diante do trono,
dizendo: ‘Tu és digno Senhor, nosso Deus, de receber a honra, a glória e a
majestade, porque criaste todas as coisas, e por tua vontade é que existem e
foram criadas.’” (Ap 4, 2-11)
O Senhor é Aquele que está no
Trono, os Anciões é a Igreja e os Animais que rodeiam e contempla o Trono são
os Santos Evangelhos. Pois por meio do anuncio da Boa-Nova que a Igreja é capaz
de conhecer, contemplar, proclamar, anunciar, glorificar e render graças ao
Senhor.
E segundo a tradição da
Igreja, os Animais representam cada um evangelista conforme seus escritos.
Onde: o leão simboliza o Evangelho de São Marcos,
pois este se inicia com o profeta São João Batista clamando no deserto; o touro representa o Evangelho de São Lucas,
que começa citando o sacerdote Zacarias que oferece sacrifico no santuário do
Senhor; o animal com rosto de homem é o símbolo do Evangelho de São Mateus
porque descreve a genealogia de Jesus Cristo no inicio de seus escritos; e o
ultimo animal, a águia em
pleno vôo é o Evangelho de
São João, que descreve a presença do Verbo de Deus nos altos céus e que vem a
terra, e se encarna, fazendo-se Homem.
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Vitrais da Igreja Episcopal São Marcos em Grand Rapids, Michigan |
Como católicos devemos viver
segundo o Santo Evangelho, e aprender neles a essência que nos faz filhos de
Deus, irmãos em Cristo e discípulos missionários do Amor, que busca evangelizar
e proclamar a Salvação do Nosso Senhor.
Que Deus os abençoe, que o
Espírito Santo os guie e que Maria Santíssima interceda por vós.
Que a Paz de Cristo esteja
convosco e com vossa família!