quarta-feira, 15 de junho de 2016

Simpatias e Superstições

“E tudo o que lhe pedirmos, receberemos d’Ele porque guardamos os seus mandamentos e fazemos o que é agradável a Seus olhos.” (1 Jo 3, 22)

Por meio de nossas orações, das obras caridosas que praticamos e pela nossa dedicação em servir ao Senhor, podemos pedir a Deus e Ele nos concederá. Porém tudo que fizermos, deve ser feito com fé e para o bem, em honra e devoção a Deus. Sem fé, nossos pedidos não são atendidos.
Pela minha fé no Senhor, de que Ele é o único que pode me atender, posso lhe propor promessas e votos, que verdadeiramente cumprirei, se Ele acatar minhas suplicas. Posso realizar atos de caridade (esmola), de devoção (orações, peregrinações), abandonar hábitos (jejum) e muito mais em obrigação a Deus porque Ele consentiu meu desejo, a minha necessidade. “A fidelidade às promessas feitas a Deus é uma manifestação do respeito devido à majestade divina e do amor para com o Deus fiel” (CIC 2101).
Santo Antônio
Porém, Deus não é obrigado a realizar nossos pedidos porque fizemos um voto ou uma promessa. “A confiança que depositamos n’Ele é esta: em tudo quanto lhe pedirmos, se for conforme à sua vontade, Ele nos atenderá” (1 Jo 5, 14). Os nossos pedidos serão atendidos se assim o Senhor desejar.
Podemos também pedir aos santos e santas de Deus que intercedam por nossas necessidades, e a eles também fazer votos ou promessas. Não porque eles realizaram meus pedidos, pois somente o Pai pode fazer que se cumpram nossas suplicas. Contudo, os santos intercedem por nós. Eles rogam ao Cristo que ouça nosso clamor e escute os desejos de nosso corações.
Por isso podemos (e até devemos) cumprir nossas promessas feitas a eles como gratidão e por fidelidade com minha palavra. “As promessas feitas a outrem em nome de Deus empenham a honra, a fidelidade, a veracidade e a autoridade divinas. Devem pois, em justiça, ser respeitadas.” (CIC 2147).
Entretanto, devemos saber que somente com a fé e a confiança em Cristo e em Deus que nossos pedidos e desejos são realizados. Não há mais nada a se fazer para isso, não existem atalhos ou outros meios de se conseguir o que queremos. Devemos esperar em Deus e confiar em sua providencia, assim o melhor nos será dado.
Santos Reis Magos
Achar que somente porque fiz uma promessa, uma oração, fui a missa – ou porque fiz uma coisa ou deixei de fazer, ou porque estou usando um objeto, seja abençoado, sacramentado – irei conseguir o que quero, é agir em pecado. Pois este tipo de associação é superstição ou simpatia.
O Catecismo da Igreja Católica define a superstição como “um desvio do culto que rendemos ao verdadeiro Deus. Ela mostra-se particularmente na idolatria, assim como nas diferentes formas de adivinhação e de magia” (CIC 2138). Por isso o pecado em realizar tais atos.
O Catecismo ainda afirma que: “atribuir eficácia exclusivamente à materialidade das orações ou dos sinais sacramentais, sem levar em conta as disposições interiores que exigem, é cair na superstição” (CICI 2111), e o mesmo pode ser considerado para as simpatias e para as práticas não convencionais, que envolvem os santos ou o nome do Senhor.
Por exemplo (e talvez o mais conhecido), as simpatias envolvendo Santo Antônio na esperançar de arrumar um casamento. Como virar a imagem do santo de cabeça pra baixo, colocar a imagem dentro da água ou retirar o menino Jesus dos braços do santo, tudo com o intuito de atormenta-lo até que surja um pretendente ao casamento.
Santa Clara
 Isso não passa de simpatia, descrença e ignorância, pois acreditar que se fizer algo a uma imagem irá fazer a Santo Antônio é desconhecer o real sentido da vida santa. Além disso, esses atos são sacrilégios e desrespeito a arte sacra e aos ideais católicos.

Existem inúmeras outras simpatias envolvendo os santos da Igreja Católica, algumas não são heresias e são complementadas com a oração. Como exemplo, podemos citar: colocar um ovo em cima da casa e rezar a Santa Clara para que não chova; ou no primeiro dia do ano, oferecer uma romã aos Santos Reis (os Três Reis Magos) e comer três semente, guarda três sementes na carteira para ter dinheiro e jogar outras três sementes sobre o ombro e fazer uma pedido; e tem até pedir ajuda de São Longuinho para achar um objeto perdido e como agradecimento dar três pulinhos.
São Longuinho
E tem também aqueles que acreditam em amuletos, como: usar um Escapulário de Nossa Senhora do Carmo para proteção ou amarrar um fita colorida com os dizeres “Lembranças de Nosso Senhor do Bonfim” (típico souvenir que se popularizou na Bahia) no pulso ou no calcanhar e fizer três nós e três pedidos, quanto a fitar se romper os pedidos serão realizados.
Tudo isso e muito mais, são superstição e simpatias – e existem inúmeras outras que não envolvem referências católicas – que tem o intuito de mandar em Deus e em Seus santos para o bem próprio. Contrariando ao primeiro mandamento: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito” (Mt 22, 37).
Cristãos, vamos viver verdadeiramente a fé em Cristo e o amor a Deus. Não devemos nos corromper, nem cair em pecado. Tudo o que temos vem do Senhor e é para Ele e por Ele que estamos vivos. “D’Ele, por Ele e para Ele são todas as coisas. A Ele a glória por toda a eternidade! Amém.” (Rm 11, 36)

Deus te abençoe, que o Espírito Santo te guie e que Maria Santíssima interceda por ti.


Paz de Cristo esteja contigo e com tua família!

quinta-feira, 2 de junho de 2016

O poder da Intercessão

A oração de intercessão é a oração que fazemos por outra pessoa, a pedido dela ou não. Na intercessão, aquele que ora “tenha em vista não os seus próprios interesses, e sim os dos outros” (Fl 2, 4).
“A intercessão consiste no pedir em favor doutro. Ela conforma-nos e une-nos à oração de Jesus que intercede junto do Pai por todos os homens, em especial pelos pecadores. A intercessão deve estender-se também aos inimigos" (Compêndio CIC, 554).
Cristo é o único mediador da graça do Pai, tudo se dá por Ele e por meio d'Ele. Mas pela ação do Espírito Santo, nossa oração e intercessão chegam ao Senhor e Ele pode atendê-la e enviar a graça de Deus às pessoas por quem oramos.
Porém aquele que intercede deve ser um homem de fé, deve viver em intimidade com Jesus e deixar ser guiado pelo Espírito Santificador. E as pessoas que pedem oração, pedem porque acreditam que o intercessor vive próximo do Senhor e que as orações dele serão ouvida e atendidas.
Na verdade, Jesus Cristo ouve todas as orações e súplicas dos pecados que O procuram e atende conforme a necessidade. Mas ao interceder, unimos as orações por um pedido comum, para que o Pai o aceite (Mt 18, 19-20).
A oração de intercessão é capaz de transformar vidas, tanto do intercessor quanto daquele pelo qual se pede. Ela cura, salva vidas, converte corações e evangeliza. É uma missão de amor, orar pelo irmão, por aqueles que desconhecemos e por nossos inimigos ou por aqueles que são mal.
São Estevão serviu a Igreja com todas as suas forças e devoção pelo Senhor. A ponto de derramar seu sangue pela sua fé. E mesmo no martírio, orou e intercedeu pelos seus algozes – “E apedrejavam Estevão, que orava e dizia: ‘Senhor Jesus, recebe o meu espírito.’ Posto de joelho, exclamou em alta voz: ‘Senhor, não lhes leves em conta este pecado...’. A estas palavras, expirou.” (At 7, 59-60).
Abraão também apresenta ao Senhor Deus sua intercessão pela cidade de Sodoma, uma cidade pecadora e que foi condenada por Deus. Sabendo que a cidade seria destruída pela mão do Senhor, Abraão se aproximou a clamou por toda Sodoma e pelo justo que habitavam a cidade.
Ele pediu que Deus perdoasse a todos se entre os ímpios houvesse pelo menos 50 justos. E o Senhor Deus concordou. Mas Abraão não parou, pediu o perdão e a misericórdia se na cidade se encontrassem 45, 30, 20 ou 10 justo entre os ímpios. E assim fez o Senhor Deus Todo-Poderoso, pela intercessão de Abraão, perdoaria toda Sodoma (Gn 18, 23-33).
O rei Salomão intercede em favor do povo de Israel e pelos estrangeiros. Ele construiu um templo para que o Senhor Deus habite e para que Seu povo o encontre. E pediu para que Deus escutasse a todos que ia ao templo orar, louvar e pedir.
O rei intercedia pelo povo, sem saber suas necessidades. Pedia para que Deus voltasse sua atenção a todos que o procurasse. E mais, não se limitou aos filhos de Israel. Sua oração também era pelos estrangeiros e pagãos.
Salomão conhecendo a misericórdia e a bondade de Deus Todo Poderoso, orava por aqueles que não conheciam, para que o Senhor também atendesse as suas orações.
Tamanha intimidade e fé que o rei tinha para com Deus, que sua intercessão era para o bem de todos. E o povo conhecendo a fé do rei e os estrangeiros que ouviam falar sobre o templo que o Senhor Deus habitava e sobre a benevolência do rei, todos procuravam ir à casa de Deus, motivados por sua fé.
Pois mesmo que tenhamos um intercessor, é preciso apresentar nossos pedidos e louvores. Temos que ir ao encontro de Deus e demonstrar nossa fé. Não que meus pedidos seriam realizados apenas se eu os fizesse no templo, poderia orar ao Senhor em minha casa ou durante minha viajem. Mas ir ao templo era uma demonstração verdadeira da minha fé.
O intercessor também deve ser um homem de fé. Assim como o centurião romano, que ao ver seu servo e amigo doente buscou o Cristo. O centurião era pagão, tinha outra crença, mas sabia do poder de Jesus e que Ele poderia curar seu amigo. Por isso foi ao Seu auxílio e intercedeu pelo servo que não poderia se encontrar com o Senhor (Mt 8, 5-13).
O centurião foi ao encontro de Jesus e pediu a salvação, não para si, mas para o amigo. O soldado era uma pessoa de boa índole e respeitosa para com os outros e o povo gostava dele. Mas também conhecia sua pequenez e indignidade diante do Cristo Contudo, ele desejava que Jesus livrasse seu servo do sofrimento e da enfermidade e clamou com fé – “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha casa. Dizei uma só palavra e meu servo será curado.” (Mt 8, 8).
E Jesus ao ver a fé do soldado romano e sua dedicação pelo amigo, não recusou o pedido e atendeu sua súplica, curando o servo – “Cheio de admiração, disse Jesus aos presentes: ‘Em verdade vos digo: não encontrei semelhante fé em ninguém de Israel.’ Depois, dirigindo-se ao centurião, disse: ‘Vai, seja-te feito conforme a tua fé’. Na mesma hora o servo ficou curado” (Mt 8, 10.13).
O Cristo não conheceu o servo, nem a sua fé. Entretanto, a fé do centurião foi suficiente para que Jesus se admirasse e curasse o enfermo. Pois o soldado romano acreditava que o Senhor poderia salvar seu amigo, sem vê-lo, apenas com a autoridade que possui.
Muita fé também tinha a mãe de Jesus, Maria de Nazaré. Durante a festa de casamento em Caná da Galileia, ao saber que acabará o vinho, Maria foi ao auxilio de seu filho, Nosso Senhor Jesus, e intercedeu pelos noivos, para que eles não passassem vergonha.
A principio, Jesus não aceitou, pois ainda não havia chegado sua hora. Porém, sua mãe tinha fé que seu filho tinha o poder para salvar o casamento para o bem dos noivos. Por isso, ela insistiu na intercessão, ao pedir que os serventes obedecessem a Jesus, pois Ele não decepciona, nem desampara aqueles que pedem Seu auxilio. E assim, Cristo fez (Jo 2, 1-11).
“Tudo o que pedirdes com fé na oração, vós o alcançareis” (Mt 21, 22). Essa é a certeza que a Igreja tem no poder da intercessão. Tenhamos fé ao orarmos, principalmente quando fores interceder. E na convicção de que, quem pede com fé tem sua oração atendida pelo Senhor, a Igreja ora e suplica aos santos e santos de Deus que interceda por nós pecadores, até porque às vezes nos falta fé.
Os santos foram homens que encontraram a graça diante do Pai ao viverem intensamente a vida do Cristo, em comunhão com o Espírito Santo. Não são melhores que os outros, apenas souberam imitar o Ressuscitado e dedicaram sua vida em missão ao outro. Possuem tamanha fé e habitam os céus junto de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Por isso, a Igreja confia neles como nossos intercessores. Ao orarmos a eles, não pedimos que realizem graças em nossas vidas, mas sim, que roguem a Jesus Misericordioso por todos nós e por aquilo que carregamos em nosso intimo.
Os santos pedem ao Senhor que ouça nossa oração e veja em nossos corações as necessidades que temos. Assim, a Igreja pede constantemente a intercessão dos santos e santas. E pede também proteção e que guiem os caminhos e as obras que realizam.
E como agradecimento pela intercessão do santo, erguemos igrejas e prestamos cultos de gratidão. Lembrando-se da vida do santo, de como viveu a fé no Cordeiro de Deus e de como anunciou o Evangelho.
Também vamos ao seu encontro, em procissão ou em romaria, para agradecer ou para lhe pedir intercessão. Pois aquele homem ou mulher viveu como Cristo e foi enviado pelo Senhor para servir. E ao reconhecermos a vida cristã dos santos, não o vemos como homens, mas vemos a Jesus – “Aquele que crê em mim crê não em mim, mas naquele que me enviou; e aquele que me vê vê aquele que me enviou” (Jo 12, 44-45).
Irmãos e irmãs, tenhamos sempre a fé e a caridade de interceder um pelo outro, pelos que sofre e estão perdidos, por aqueles que nos perseguem e nos desagrada, por quem desconhecemos e principalmente por quem não pode mais – pelas almas que padecem no purgatório. Rezemos por nossa nação, pelos governantes e pela paz no mundo.
Oremos pela Santa Igreja de Deus, pelo bem do santo Papa e por todo clero, religiosos e missionários e pelas missões e obras. Sejamos intercessores e que nossa oração e nossa fé possa transformar o mundo e renovar a face da terra.

“Em todas as minhas orações, rezo sempre com alegria por todos vós” (Fl 1, 4)

Deus te abençoe, que o Espírito Santo te guie e que Maria Santíssima interceda por ti.

A Paz de Cristo esteja contigo e com a tua família!