terça-feira, 27 de setembro de 2016

Os Santos Evangelhos - Mateus, Marcos, Lucas e João

No mês de Setembro a Igreja se dedica as Sagradas Escrituras e celebra a memória do apóstolo e evangelista, São Mateus. Ela nos convida a estudar e meditar a Bíblia Sagrada, a exaltar os Livros do Antigo e do Novo Testamento que narram a historia do povo de Deus e da Igreja do Senhor, a contemplar os autores sagrados que foram inspirados pelo Espirito Santo e fazer da Bíblia uma essência primordial para nossa vida cristã.

E aproveitando as festividades de São Mateus, vamos aceitar o convite da Santa Mãe Igreja e façamos uma breve reflexão sobre o Santo Evangelho escrito por Mateus. Mas também refletiremos os Evangelhos escritos por São Marcos, por São Lucas e pelo apóstolo São João.

São quatros Evangelhos que estão compilados nas Sagradas Escrituras. Todos relatam a vida de Jesus Cristo. Mas cada um traz um aspecto único, porque foram escritos por pessoas diferentes, cada qual, de acordo com o contato que tiveram com o Cristo. Além de cada autor estar passando por um momento distinto e o seu publico alvo se diferente.

Os Evangelhos escritos por Mateus, Marcos e Lucas são considerados sinóticos, pois apresentam uma “mesma” ótica de Jesus, narram a Sua vida com descrição. Contudo, entre eles existem muitas peculiaridades. E o Evangelho de João, apresenta outra visão sobre Jesus, mas focado em seu discurso.


São Mateus, apóstolo e evangelista
São Mateus foi um publicanos (cobrador de imposto) que trabalhava para o Império Romano. Ele era judeu e aceitou o convite de Jesus para segui-lo e conhecer uma nova vida (Mt 9, 9).

Ele acompanhou a Jesus, viveu a Sua vida, presenciou Suas obras e foi escolhido para ser apóstolo (Mt 10, 1-2). E ele presenciou o cumprimento da Salvação de Deus, pela paixão, morte e ressurreição do Cristo. Mateus esteve e viveu junto com o Messias.

E essa é a teologia que o apóstolo proclama em seus escritos, Jesus Cristo é o Messias e Salvador.

Os escritos de Mateus foram feitos entre os judeus e para os judeus. Pois, o povo aguardava a vinda do Messias que libertaria os judeus e restauraria a glória de Israel. Esperavam por um rei, como Davi, que lutasse contra seus inimigos e seria o mais poderoso governante.

Contudo, o apóstolo reconheceu a realiza de Jesus e compreendeu que o Messias aguardado não seria um poderoso rei, mais um humilde servo. Que libertaria, não a carne, mais a alma, do maior inimigo dos homens, o pecado e a morte.

Por isso, no seu Evangelho, existem muitas citações e referencias ao Antigo Testamento. O autor sagrado inicia seus escritos, apresentando a herança de Jesus advinda de Davi e de Abraão. E os relatos descritos da vida de Jesus são para mostrar que Ele é o Salvador anunciado pelos profetas e pela lei.

E por meio de seus escritos, conhecemos o grande mistério de Jesus Cristo, o Filho de Deus, que movido pelo Espirito Santo fundamenta uma igreja motivada na construção do Reino dos Céus.

O Evangelho de Mateus é uma catequese que inspirou a Igreja primitiva e até hoje nós ensina sobre a vida de Jesus e a realização da promessa de Deus. Guiando a Santa Igreja a viver o anuncio da Boa-Nova.


São Marcos, evangelista 
O Evangelho de São Marcos foi o primeiro relato escrito da vida de Jesus e foi inspiração para os demais evangelistas. Apesar de ser o mais curto, entre os demais Evangelhos, seus escritos é de profunda significância para a vida da Igreja.

Marcos acompanhou a primeira viagem missionaria de Paulo e Barnabé e depois viveu junto de Pedro, seguindo-o e ouvindo seus relatos e seus discursos. Seus escritos foram inspirados pelo primeiro apostolo e serviu de motivação para as comunidades cristãs primitivas.

Marcos escrevia em um momento que as comunidades cristãs cresciam. Mas do que orientar sobre a vida de Jesus, o evangelista queria mostrar qual o caminho a ser percorrido. Por isso, ele cita de modo breve os acontecimentos, mas especifica o sentido da ação do Senhor.

O seu Evangelho é considerado com um Evangelho de Ação. A todo o momento, Cristo faz age em favor da humanidade, seja um ensinamento, uma cura ou uma libertação. Mas Ele não fica ali, O Senhor depois partir para outro local, em busca de outra pessoa que precisa d’Ele. São Marcos queria mostrar as comunidades que não devem ficar parada, e sim, agir a serviço dos irmãos.

Outro momento em que a Igreja estava vivendo, foi a perseguição promovida pelo imperador romano Nero (por volta de 67 d.C.) e a morte do apóstolo Pedro. Assim, o autor sagrado escrevia as Boas Novas para inspirar a Igreja a se manter firme.

Ainda que o caminho do martírio fosse iminente, a Igreja não podia parar. São Marcos, procurar explicitar em seu Evangelho a obrigação de viver a cruz, como sinal de entrega, e apesar do sofrimento, significa esperança (Mc 8, 34-35).

O Evangelho de São Marcos é um exemplo para a Igreja e para os cristãos, de como Jesus e seus discípulos vivam. De forma simples e breve, Marcos convida a todos a seguir e obedecer ao Cristo, pois Ele é o Mestre e Nosso Senhor.


São Lucas, evangelista
São Lucas foi o médico e discípulo do apóstolo Paulo. Ao lado do apóstolo missionário, o evangelista conheceu a realidade dos cristãos, em especial os pagãos, e a necessidade das comunidades cristãs.

Por isso, o seu Evangelho descreve a vida de Jesus e o seu relacionamento com seus discípulos e com o povo, principalmente para com os pobres e excluídos. Em seu texto sagrado, também encontram-se os relatos da ação de Jesus para com pagãos, sem deixar de acolhe-los.

Lucas também é considerado o autor do livro Atos dos Apóstolos, onde descreve a continuidade da mensagem de Jesus por meio da ação da Igreja e de seus discípulos. O Evangelho escrito a partir do testemunho dos discípulos e das investigações realizadas pelo evangelista e o livros dos Atos por meio do convívio com as comunidades cristãs e com os discípulos e apóstolos. E ambos os escritos foram dedicados a Teófilo (Lc 1, 1-4 e At 1, 1-2).

Para o autor sagrado, a sua intenção maior era escrever sobre a Boa-Nova proclamada por Jesus, a Salvação. Mistério esse não restrito a Israel ou aos judeus, mas sim a todas as nações e povos (Lc 24, 46-47).

Ele anuncia a remissão dos pecados, a cura para os enfermos, abrigo para os desamparados e consolo para os perdidos. Por essa razão, seus escritos são considerados como o Evangelho da Misericórdia e da Alegria. Jesus Cristo é relatado como o Senhor e é sempre bondoso e amigo, e está pronto para acolher o pobre e os excluídos.

Lucas narra a intima relação do Filho do Homem com a humanidade, descrevendo o Seu nascimento, a relação de sua mãe com o Filho, o cumprimento da lei na vida de Jesus. Mas também proclama que Ele é o Messias esperado, o Senhor que liberta o povo e também é Servo de Deus.

Lucas também relata, com mais detalhes, as curas e os milagres operados pelo Cristo. E traz o discurso salvífico nas parábolas e nos sermões que Jesus faz ao povo que o segue.

O Evangelho de São Lucas é para a Igreja um exemplo de vida missionaria, que vai ao encontro do outro a fim de proclamar a Salvação. Ele nos ensina quais as atitudes que devemos ter para imitarmos a Jesus e sermos verdadeiros discípulos.

São João, apóstolo e evangelista
O Evangelista João foi o apóstolo amado por Jesus e que o acompanhou em momentos íntimos de oração e presenciou a Transfiguração (Mt 17, 1-2). Também é o autor das três epistolas que levam seu nome e do livro do Apocalipse.

O seu Evangelho se difere dos demais porque é mais focado na presença espiritual de Jesus, utilizando-se de símbolos e metáforas e alegorias para exemplificar os discursos do Mestre. Também apresenta discursos extensos e lições que o Cristo dá aos discípulos para ensina-los e corrigi-los.

São João não explora muito os milagres, cita apenas sete e os trata como sinais, pois são verdadeiros fatos, obras significativas que transformaram a vida das pessoas. O seu intuito é revelar a Igreja a divindade da pessoa de Jesus Cristo.

O apóstolo expõe em seus escritos a relação da Santíssima Trindade, a fim de revelar aos cristãos advindos do paganismo e do judaísmo, que Jesus é o Filho de Deus, que age pela ação do Espirito Santo pela vontade de Deus Pai.

Por essa razão seu Evangelho é rico em simbolismo, pois ele quer fazer compreensível o mistério da vinda do Verbo e o seu plano de salvação. O evangelista também utiliza de tais recursos, para que seus contemporâneos também possam conhecer e crer na presença real e redentora do Cordeiro de Deus.

Toda a Igreja se beneficia com o Evangelho de São João. Por meio do autor sagrado temos as revelações e compreensão dos dogmas e dos Sacramentos que fundamento a Igreja Católica.


Existem outros inúmeros registros sobre a vida de Jesus Cristo, mas a Igreja têm nos Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João toda a essência e revelação da presença do Filho de Deus e os Seus desígnios para os discípulos. Também, foram os textos destes autores sagrados que constituíram e elevaram espiritualmente as comunidades cristãs.

E como comprovações do extremo valor dos Santos Evangelhos no seio da Santa Igreja, tem-se no livro do Apocalipse, a manifestação profética do apóstolo São João:

“Imediatamente, fui arrebatado em espírito; no céu havia um trono, e nesse trono estava sentado um Ser. E quem estava sentado assemelhava-se pelo aspecto a uma pedra de jaspe e de sardônica. Um halo, semelhante à esmeralda, nimbava o trono. Ao redor havia vinte e quatro tronos, e neles, sentados, vinte e quatro Anciãos vestidos de vestes brancas e com coroas de ouro na cabeça.

Do trono saíam relâmpagos, vozes e trovões. Diante do trono ardiam sete tochas de fogo, que são os sete Espíritos de Deus. Havia ainda diante do trono um mar límpido como cristal. Diante do trono e ao redor, quatro Animais vivos cheios de olhos na frente e atrás. O primeiro animal vivo assemelhava-se a um leão; o segundo, a um touro; o terceiro tinha um rosto como o de um homem; e o quarto era semelhante a uma águia em pleno vôo. Estes Animais tinham cada um seis asas cobertas de olhos por dentro e por fora. Não cessavam de clamar dia e noite: ‘Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Dominador, o que é, o que era e o que deve voltar’. E cada vez que aqueles Animais rendiam glória, honra e ação de graças àquele que vive pelos séculos dos séculos, os vinte e quatro Anciãos inclinavam-se profundamente diante daquele que estava no trono e prostravam-se diante daquele que vive pelos séculos dos séculos, e depunham suas coroas diante do trono, dizendo: ‘Tu és digno Senhor, nosso Deus, de receber a honra, a glória e a majestade, porque criaste todas as coisas, e por tua vontade é que existem e foram criadas.’” (Ap 4, 2-11)

O Senhor é Aquele que está no Trono, os Anciões é a Igreja e os Animais que rodeiam e contempla o Trono são os Santos Evangelhos. Pois por meio do anuncio da Boa-Nova que a Igreja é capaz de conhecer, contemplar, proclamar, anunciar, glorificar e render graças ao Senhor.

E segundo a tradição da Igreja, os Animais representam cada um evangelista conforme seus escritos. Onde: o leão simboliza o Evangelho de São Marcos, pois este se inicia com o profeta São João Batista clamando no deserto; o touro representa o Evangelho de São Lucas, que começa citando o sacerdote Zacarias que oferece sacrifico no santuário do Senhor; o animal com rosto de homem é o símbolo do Evangelho de São Mateus porque descreve a genealogia de Jesus Cristo no inicio de seus escritos; e o ultimo animal, a águia em pleno vôo é o Evangelho de São João, que descreve a presença do Verbo de Deus nos altos céus e que vem a terra, e se encarna, fazendo-se Homem.


Artigo: Sacred Symbols: The Four Evangelists (Tetramorph) - disponivel no endereço: https://mikejklug.wordpress.com/2014/07/21/sacred-symbols-the-four-evangelists-tetramorph/
Vitrais da Igreja Episcopal São Marcos em Grand Rapids, Michigan
Como católicos devemos viver segundo o Santo Evangelho, e aprender neles a essência que nos faz filhos de Deus, irmãos em Cristo e discípulos missionários do Amor, que busca evangelizar e proclamar a Salvação do Nosso Senhor.


Que Deus os abençoe, que o Espírito Santo os guie e que Maria Santíssima interceda por vós.


Que a Paz de Cristo esteja convosco e com vossa família!






segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Fábula do Passarinho – Fé e Esperança

Certo dia, um passarinho aproveitava sua casa no alto de uma árvore, quando veio um homem e disse:

– Este mês, se Deus quiser, eu corto esta árvore!
O pássaro com muito medo foi conversar com Deus:
– Ó Deus, o homem disse que este mês irá corta a árvore onde construí minha casa e vivo com minha família!
E Deus, então perguntou:
– O que ele disse?
– Ele falou: "Se Deus quiser, eu corto esta árvore" – respondeu o pequeno pássaro.
E Deus falou:
– Então fique tranquilo!
O passarinho voltou para casa e homem não cortou a árvore.
No mês seguinte, o homem se aproximou da árvore com um machado e falou:
– Este mês, se Deus quiser, eu corto esta árvore!
Novamente o pássaro foi falar com Deus.
– Senhor, outra vez o homem disse que este mês irá corta a árvore e ele tem um machado.
Então Deus perguntou:
– O que o homem falou?
– Ele falou – disse o pequeno pássaro – "Se Deus quiser, este mês corto esta árvore".
E Deus falou:
– Então fique tranquilo!
E isso se repetiu outras vezes. Toda vez o homem dizia as mesmas palavras e o passarinho ia assustado conversar com Deus, que sempre lhe dava a mesma resposta.
Até que depois de um ano, o homem voltou à árvore e disse:
– Este ano, com fé em Deus, eu corto esta árvore!
Então o pássaro foi ter com Deus e lhe contou:
– O homem disse “com Fé em Deus" vai cortar a árvore?
E Deus falou para o passarinho:
– Então pequeno, trate de arrumar suas coisas e se mude para outra árvore!

A fabula do Passarinho descreve como deve ser a vida do cristão. Olhando para o homem da estória, vemos uma pessoa que coloca sua esperança em Deus. Que deseja caminhar conforme a pretensão do Senhor.
O homem ao pronunciar a expressão “se Deus quiser”, significa que ele irá agir somente se for da vontade do Senhor.  Mesmo que seja o desejo do homem, ele espera e entrega seus anseios nas mãos de Deus.
Já proclamava o salmista: “É em Deus que eu ponho minha esperança” (Sl 55, 12a). Sua esperança é a realização do querer do Senhor. Nada do que queremos se compara ao que Nosso Pai tem para nós. “E todo aquele que n’Ele tem esperança torna-se puro, como Ele é puro.” (1 Jo 3, 3)
Mas apenas esperar no Senhor sem acreditar ou confiar em Seus desígnios é se enfraquecer e perder as forças, cair e vacilar diante as dificuldades e obstáculos. Assim como o apóstolo Pedro duvidou da força e do poder de Jesus ao caminhar sobre as águas (Mt 14, 22-33), o cristão que não confiar na vontade do Senhor, não será possível alcançar a glória de Deus – “Ante a promessa de Deus, não vacilou, não desconfiou, mas conservou-se forte na fé e deu glória a Deus.” (Rm 4, 20)
É o dom da fé que traz a convicção e a certeza do cumprimento da esperança que temos no Senhor. Quem espera em Deus deve ter fé no que é invisível aos olhos. Assim como foi escrito a comunidade de Hebreus: “A fé é o fundamento da esperança, é uma certeza a respeito do que não se vê. Ora, sem fé é impossível agradar a Deus, pois para se achegar a Ele é necessário que se creia primeiro que Ele existe e que recompensa os que O procuram.” (Hb 11, 1a.6)
A fé nos motiva e nos move, ao confiarmos no Senhor sabemos por onde andar e como agrada-Lo. E essa é o momento de mudança na atitude do homem da fabula. Ele sempre esperava, mas ao assumir sua fé o homem cortou a árvore.
Em tudo que queremos e desejamos, devemos colocar e entregar nas mãos do Senhor. Contudo, devemos também atuar, com a confiança e a certeza que operamos por Deus e para Deus. Existem momentos e situações que devemos nos mover, pois Deus espera nossa atitude, como convicção do que realmente queremos e como demonstração de nossa crença, pois agimos “com fé em Deus”.
A nossa fé revela nosso amor a Deus, e por amor ao Pai, servimos o Filho com a força do Espírito Santo. Pelo dom da fé, podemos transformar o mundo. Assim diz Nosso Senhor Jesus: “Em verdade digo: se tiverdes fé, como um grão de mostarda, direis a esta montanha: ‘transporta-te daqui para lá, e ela irá’; e nada vos será impossível.” (Mt 17, 20b)

Deus te abençoe, que o Espírito Santo te guie e que Maria Santíssima interceda por ti.

Paz de Cristo esteja contigo e com a tua família!