Muitos se perguntam sobre o que pode ou
não pode fazer na Sexta-feira da Paixão. Sabemos que não podemos comer carne,
mas o que mais? Posso comer doce? Tomar bebida alcoólica? Ir a uma festa?
Comemorar o aniversário? Posso ler um livro ou ver um filme? Jogar videogame,
cartas, futebol ou vôlei? E muito mais...
Muitos se preocupam no poder ou
não-poder, porém esse não é o sentido da Sexta-feira da Paixão. Seu significado
é muito maior do que simplesmente ir a igreja e não comer carne.
Entre as práticas indicadas pela Igreja
está o jejum de carne vermelha, evitar qualquer tipo de jogo de azar (ou que
depende de sorte), desviar-se dos vícios e buscar um estado reflexivo e de
calmaria.
Contudo, o que motiva a Sexta-feira da
Paixão não são as práticas exercidas, e sim o sentimento que conduz o dia. Na verdade,
este sentimento se inicia na noite da Quinta-feira Santa e se encerra na noite
do Sábado Aleluia.
Para quem desconhece a historia, no ano de
33 d.C., durante a noite, após Jesus Cristo tomar a Ceia da Páscoa com
seus apóstolos, foram rezar no Monte das Oliveiras. Então os guardas do sumo sacerdote vieram e o prenderam.
Cena do filme Paixão de Cristo (2004) |
[Jesus disse:] “‘Levantai-vos e vamos! Aproxima-se o que me há de entregar.’ Ainda falava, quando chegou Judas Iscariotes, um dos Doze, e com ele um bando armado de espadas e cacetes, enviado pelos sumos sacerdotes, escribas e anciãos. Ora, o traidor tinha-lhes dado o seguinte sinal: Aquele a quem eu beijar é ele. Prendei-o e levai-o com cuidado. Assim que ele se aproximou de Jesus, disse: ‘Rabi!’, e o beijou. Lançaram-lhe as mãos e o prenderam.” (Mc 14, 42-46).
Cristo então passou toda a madrugada sozinho na prisão. Na sexta-feira de manha fora julgado por Pilatos e foi castigado e sentenciado a morte, morte de cruz.
“Conduziram Jesus ao lugar chamado Gólgota, que quer dizer lugar do crânio. Deram-lhe de beber vinho misturado com mirra, mas ele não o aceitou. Depois de o terem crucificado, repartiram as suas vestes, tirando a sorte sobre elas, para ver o que tocaria a cada um. Era a hora terceira quando o crucificaram. Desde a hora sexta até a hora nona, houve trevas por toda a terra. E à hora nona Jesus bradou em alta voz: ‘Elói, Elói, lammá sabactáni?’, que quer dizer: ‘Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?’ Jesus deu um grande brado e expirou.” (Mc 15, 22-25.33-34.37).
Assim, após a morte de Cristo, que se deu as 15h da tarde, seus discípulos fugiram e se esconderam, com medo, frustrados e triste para viverem o luto.
"Passado
o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé compraram aromas para
ungir Jesus. E no primeiro dia da semana, foram muito cedo ao sepulcro, mal o
sol havia despontado. E diziam entre si: ‘Quem nos há de remover a pedra da
entrada do sepulcro?’ Levantando os olhos, elas viram removida a pedra, que era
muito grande. Entrando no sepulcro, viram, sentado do lado direito, um jovem,
vestido de roupas brancas, e assustaram-se. Ele lhes falou: ‘Não tenhais medo.
Buscais Jesus de Nazaré, que foi crucificado. Ele ressuscitou, já não está
aqui. Eis o lugar onde o depositaram. Mas ide, dizei a seus discípulos e a
Pedro que ele vos precede na Galiléia. Lá o vereis como vos disse.’” (Mc 16, 1-7).
E no domingo (primeiro dia da semana) os
discípulos descobrem que Jesus Cristo Ressuscitou, que na madrugada, antes do
sol apontar, Ele saiu do sepulcro e venceu a morte. Esses são os acontecimentos
que marcaram a historia, a vida dos cristãos e a Igreja.
Dessa forma, a Igreja Católica celebra a
memoria desses dias na Semana Santa. E na noite da Quinta feira Santa vivemos a
dor da solidão de Cristo na prisão. Na Sexta feira da Paixão vivemos a amargura
e o sofrimento do Senhor no alto da Cruz e na descida a mansão dos mortos. E no
Sábado de Aleluia, aguardamos a Luz Nova que ilumina nossos corações. Isso é o Tríduo
Pascal.
Seria como viver o luto dos discípulos,
que viram seu Mestre ser preso, condenado e morto. Eles estavam em luto e nós
devemos estar. Contudo, o luto dos discípulos é triste, é frustrado e sofrido e
magoado. O nosso luto não pode ser assim.
O luto do Tríduo Pascal não é triste, é
reflexivo, é calmaria, é um deserto espiritual, é de passividade que tem como
alicerce a certeza da Ressurreição. Cristo já ressuscitou e não morre mais,
então não há porque ficar triste.
Precisamos aproveitar esse momento para
nos aproximar de Deus, compreender o mistério da Paixão de Nosso Senhor Jesus
que abriu seu coração para derramar o perdão e a misericórdia do Pai e nos
guiar para o caminho da Salvação.
Por isso, não importa o que posso ou não fazer. Na verdade, devemos nos silenciar na Quinta
feira Santa, ficar introspectivo até a Celebração do Fogo Novo, na Vigília
Pascal no Sábado Aleluia. Viver o momento e guarda a alegria para gritar e anunciar que Jesus Cristo Ressuscitou e viver toda a alegria e
o amor de Deus.
Deus te abençoe, que o Espírito Santo te
guie e que Maria Santíssima interceda por ti.
A Paz de Cristo esteja contigo e com a
sua família! Amém.
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