segunda-feira, 28 de março de 2016

Páscoa – passagem de Deus por amor os seus

“Por que buscais entre os mortos aquele que está vivo? Não está aqui, mas ressuscitou.” (Lc 24, 5b-6a)

A Páscoa de Nosso Senhor Jesus Cristo é a celebração da vida sobre a morte, o triunfo do bem sobre o mal, a vitória da luz sobre as trevas. É a realização da Salvação de Deus para a humanidade, por meio da entrega e do Amor de Cristo.
Deus Pai Todo-Poderoso jamais abandonou os homens, desde o principio dos tempos nos amou incondicionalmente e por amor nos deu a dádiva da liberdade. Porém, nos deixamos levar pelo pecado e nos tornamos escravos, trilhando um caminho que conduz a morte.
Mas o Senhor Deus não nos desampara. Envia seu Espirito Santo para nos guiar por caminhos corretos e de bem. Falou pelos profetas e por nossos pais, criou uma aliança de misericórdia e nos prometeu justiça e paz (Is 54, 10-17).
E quando o povo se viu presos e escravizados clamaram por socorro e o Senhor escutou seu chamado e os atendeu. Os hebreus eram escravos do Egito e do faraó por quatrocentos e trinta anos, mas Deus não recuou e enviou seu servo Moisés para liberta-los.
Contudo, o faraó não escutou a Moisés e afrontou ao Senhor Deus. Então o Pai, usou seu braço forte e libertou seu povo das mãos dos egípcios. E na noite do décimo quarto dia do primeiro mês do ano, o Senhor Deus passou pela Terra e feriu o Egito, flagelando de morte todo primogênito dos homens e dos animais. Essa foi a Páscoa do Senhor.
Mas o Senhor poupou os filhos de Israel, prometeu uma noite de paz para aqueles que cumprissem seus preceitos. Antes da passagem do flagelo destruidor, o seu povo deveria imolar um cordeiro sem mácula e usar seu sangue para marcar as ombreiras e a moldura da porta. O sangue serviria de sinal (de proteção) para que as casas dos filhos de Israel não fossem atingidas pela cólera.
Esta noite foi instituída por Moisés, a mandado de Deus, como uma festa em honra do Senhor, que seria perpetuada por geração em geração. O povo de Israel celebraria a força libertadora de Deus com cordeiro imolado e com pães ázimos (Ex 12, 1-14).
Porém, o faraó endureceu seu coração, mesmo ferido com a perda de seu primogênito, não temeu o Deus de Israel e perseguiu os hebreus pelo deserto para se vingar e os encontrou nas margens do Mar Vermelho.
Diante da ameaça dos egípcios e dos soldados do faraó e presos pelo mar, os hebreus mais uma vez clamaram o Senhor, que outra vez os escutou e os guiou por caminhos seguros. O Senhor Deus vez soprar um forte vento pelo mar que o dividiu em duas muralhas e formou uma passagem para que os filhos de Israel atravessassem.
E depois que Deus salvou o povo, fechou o mar e cobriu os egípcios, os soldados, os cavalos e os carros do faraó. Assim o Senhor Deus de Israel libertou o seu povo das mãos opressoras do Egito, triunfando gloriosamente sobre seus inimigos (Ex 14).
A Páscoa do Senhor, celebrada pelos judeus é a libertação da escravidão que Deus deu aos seus antepassados. Liberdade essa conquistada pela passagem de Deus pela Terra, ferindo a vida de seus inimigos e levando-os a morte.


Passado os séculos, o povo de Deus continuou a sofrer a escravidão do pecado, que lhe roubava a liberdade e a vida. Então o Senhor Deus voltou seu olhar misericordioso para os homens e enviou seu primogênito para nos salvar e liberta-nos do mal da morte. “Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho Único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16).
E Cristo obediente ao Pai e por amor aos seus, se entregou como Cordeiro de Deus para ser imolado e derramou seu sangue como sinal (proteção) para que seus irmãos fossem salvos. Ele tomou nossos pecados e nossa cruz e desceu a mansão dos mortos. Mas Deus Pai ressuscitou seu Filho Amado no terceiro dia e lhe deu um trono acima de todos os tronos nos céus (Hb 5, 7-9). Essa é a Páscoa de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Em Jesus Cristo, o Deus Filho, cumpriu-se todas as profecias e promessas do Antigo Testamento (Lc 1, 68-75). Ele assumiu em sua vida o mistério de Salvação de Deus. Pelo seu sangue redentor e pela força de seu braço, Ele passou pela terra dos mortos para nos libertar do pecado e nos dar a vida eterna.
A Páscoa de Cristo é a total libertação dos homens, não só contra seus opressores, mas sim contra todos os inimigos e males que nos afasta de Deus Todo-Poderoso. Jesus é o Messias que transforma e renova nossos corações e nos guia com a Luz Divina para nos encontrarmos com a Misericórdia do Pai.
E para todos que creem no Cristo Ressuscitado e por Ele for batizado, igualmente viverá uma vida nova, por meio do Mistério Pascal. “Pois, se fomos de certo modo identificados a Jesus Cristo por uma morte semelhante à sua, seremos semelhantes a Ele também pela ressurreição” (Rm 6, 5).
A vida eterna que Jesus oferece aos seus, foi nos dada pelo sacrifício da cruz, mas somente para aqueles que se assemelhar a sua morte, ou seja, para aqueles que tomam a cruz, entregam a sua vida pelo bem dos irmãos e se colocarem a serviço do Pai. Imitar a Cristo é morrer para o pecado e viver para Deus (Rm 6, 11).

“Este é o dia que o Senhor fez para nós: alegremo-nos e nele exultemos!” (sl 117, 24)

Vivamos a Páscoa do Senhor. Aleluia, aleluia.

Deus te abençoe, que o Espirito Santo te guie e que Maria Santíssima interceda por ti.

quarta-feira, 23 de março de 2016

Qual deve ser meu sentimento na Sexta-feira da Paixão?

Muitos se perguntam sobre o que pode ou não pode fazer na Sexta-feira da Paixão. Sabemos que não podemos comer carne, mas o que mais? Posso comer doce? Tomar bebida alcoólica? Ir a uma festa? Comemorar o aniversário? Posso ler um livro ou ver um filme? Jogar videogame, cartas, futebol ou vôlei? E muito mais...
Muitos se preocupam no poder ou não-poder, porém esse não é o sentido da Sexta-feira da Paixão. Seu significado é muito maior do que simplesmente ir a igreja e não comer carne.
Entre as práticas indicadas pela Igreja está o jejum de carne vermelha, evitar qualquer tipo de jogo de azar (ou que depende de sorte), desviar-se dos vícios e buscar um estado reflexivo e de calmaria.
Contudo, o que motiva a Sexta-feira da Paixão não são as práticas exercidas, e sim o sentimento que conduz o dia. Na verdade, este sentimento se inicia na noite da Quinta-feira Santa e se encerra na noite do Sábado Aleluia.
Para quem desconhece a historia, no ano de 33 d.C., durante a noite, após Jesus Cristo tomar a Ceia da Páscoa com seus apóstolos, foram rezar no Monte das Oliveiras. Então os guardas do sumo sacerdote vieram e o prenderam.

Cena do filme Paixão de Cristo (2004)

[Jesus disse:] “‘Levantai-vos e vamos! Aproxima-se o que me há de entregar.’ Ainda falava, quando chegou Judas Iscariotes, um dos Doze, e com ele um bando armado de espadas e cacetes, enviado pelos sumos sacerdotes, escribas e anciãos. Ora, o traidor tinha-lhes dado o seguinte sinal: Aquele a quem eu beijar é ele. Prendei-o e levai-o com cuidado. Assim que ele se aproximou de Jesus, disse: ‘Rabi!’, e o beijou. Lançaram-lhe as mãos e o prenderam.” (Mc 14, 42-46).

Cristo então passou toda a madrugada sozinho na prisão. Na sexta-feira de manha fora julgado por Pilatos e foi castigado e sentenciado a morte, morte de cruz.

“Conduziram Jesus ao lugar chamado Gólgota, que quer dizer lugar do crânio. Deram-lhe de beber vinho misturado com mirra, mas ele não o aceitou. Depois de o terem crucificado, repartiram as suas vestes, tirando a sorte sobre elas, para ver o que tocaria a cada um. Era a hora terceira quando o crucificaram. Desde a hora sexta até a hora nona, houve trevas por toda a terra. E à hora nona Jesus bradou em alta voz: ‘Elói, Elói, lammá sabactáni?’, que quer dizer: ‘Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?’ Jesus deu um grande brado e expirou.” (Mc 15, 22-25.33-34.37).

Assim, após a morte de Cristo, que se deu as 15h da tarde, seus discípulos fugiram e se esconderam, com medo, frustrados e triste para viverem o luto.

"Passado o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé compraram aromas para ungir Jesus. E no primeiro dia da semana, foram muito cedo ao sepulcro, mal o sol havia despontado. E diziam entre si: ‘Quem nos há de remover a pedra da entrada do sepulcro?’ Levantando os olhos, elas viram removida a pedra, que era muito grande. Entrando no sepulcro, viram, sentado do lado direito, um jovem, vestido de roupas brancas, e assustaram-se. Ele lhes falou: ‘Não tenhais medo. Buscais Jesus de Nazaré, que foi crucificado. Ele ressuscitou, já não está aqui. Eis o lugar onde o depositaram. Mas ide, dizei a seus discípulos e a Pedro que ele vos precede na Galiléia. Lá o vereis como vos disse.’” (Mc 16, 1-7).

E no domingo (primeiro dia da semana) os discípulos descobrem que Jesus Cristo Ressuscitou, que na madrugada, antes do sol apontar, Ele saiu do sepulcro e venceu a morte. Esses são os acontecimentos que marcaram a historia, a vida dos cristãos e a Igreja.
Dessa forma, a Igreja Católica celebra a memoria desses dias na Semana Santa. E na noite da Quinta feira Santa vivemos a dor da solidão de Cristo na prisão. Na Sexta feira da Paixão vivemos a amargura e o sofrimento do Senhor no alto da Cruz e na descida a mansão dos mortos. E no Sábado de Aleluia, aguardamos a Luz Nova que ilumina nossos corações. Isso é o Tríduo Pascal.
Seria como viver o luto dos discípulos, que viram seu Mestre ser preso, condenado e morto. Eles estavam em luto e nós devemos estar. Contudo, o luto dos discípulos é triste, é frustrado e sofrido e magoado. O nosso luto não pode ser assim.
O luto do Tríduo Pascal não é triste, é reflexivo, é calmaria, é um deserto espiritual, é de passividade que tem como alicerce a certeza da Ressurreição. Cristo já ressuscitou e não morre mais, então não há porque ficar triste.
Precisamos aproveitar esse momento para nos aproximar de Deus, compreender o mistério da Paixão de Nosso Senhor Jesus que abriu seu coração para derramar o perdão e a misericórdia do Pai e nos guiar para o caminho da Salvação.
Por isso, não importa o que posso ou não fazer. Na verdade, devemos nos silenciar na Quinta feira Santa, ficar introspectivo até a Celebração do Fogo Novo, na Vigília Pascal no Sábado Aleluia. Viver o momento e guarda a alegria para gritar e anunciar que Jesus Cristo Ressuscitou e viver toda a alegria e o amor de Deus.


Deus te abençoe, que o Espírito Santo te guie e que Maria Santíssima interceda por ti.

A Paz de Cristo esteja contigo e com a sua família! Amém.

terça-feira, 22 de março de 2016

Fatos que comprovam a Ressurreição de Cristo

Muitos discutem sobre a "impossibilidade" da ressurreição, pois a observam com olhares céticos. Querem comprovações científicas e históricas. Querem presenciar o acontecimento, para crer. Contudo, nem todos fatos históricos foram acompanhados por todas as pessoas. Mas os que os tornam verdades são  os eventos que se seguiram, motivados pela ocorrência do primeiro. Outra comprovação são os registros e descrições dos fatos feitos por pessoas não envolvidas. Porém esses são cabíveis de adulteração.
Pensando dessa forma, a ressurreição é um fato histórico totalmente verídico, pois existem relatos descritivos e este evento motivou inúmeros acontecimentos e mudou a face da Terra, por assim dizer. Entretanto, muita gente não acredita na ressurreição, pois não é te interesse. E ficam duvidando simplesmente por duvidar, sem ter nenhuma explicação que comprove o contrário.
É claro, existem as teorias de conspiração que "desmente" alguns pontos, contudo para provar que um acontecimento é falso, deve-se refutar todos os fatos, não apenas alguns pontos.
Além disso, existem muitas teorias de conspiração para um mesmo ponto e nenhuma delas foram comprovadas, seguindo a lógica ou o padrão histórico.
Seguindo, então a lógica e o padrão, a ressurreição de Jesus Cristo é um acontecimento que ocorreu historicamente. Porém, devido as inúmeras discussões, discordâncias e até interesses, não é considerado um fato histórico.
Para nós cristãos, a Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo é o centro da nossa fé e a essência da nossa religião. É uma verdade indiscutível. 
"Jesus lhe disse: 'Creste porque me viste? Bem-aventurados os que não viram, e creram!'" (Jo 20, 29)
As vezes não somos capazes de debater sobre o assunto com aqueles que se dizem ateus e céticos. Então, para um maior entendimento e auxiliar nas discussões, segue o vídeo do Impact 360 Institute que foi legendado pela comunidade do facebook: O Caminho.
Aproveitem...




sexta-feira, 18 de março de 2016

Padeceu sob Pôncio Pilatos

Com a chegada da Páscoa, a Igreja recorda o mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Mas este mistério não é vivido apenas pela Igreja Católica, todas as igrejas cristãs e todos que vivem o cristianismo reconhecem a passagem de Jesus pela morte para vida eterna como o ato de Salvação de Deus, “a saber: que Cristo havia de padecer e seria o primeiro que, pela ressurreição dos mortos, havia de anunciar a luz ao povo judeu e aos pagãos” (At 26, 23).
A Paixão e Ressurreição de Jesus Cristo é descrita por todos os evangelistas (Mateus 26ss, Marcus 14ss, Lucas 22ss e João 18ss), narrando a Via Sacra que Jesus vivenciou – a prisão, o julgamento, a condenação, a crucificação, a morte e por fim a ressurreição do Cristo.
Neste acontecimento, estão envolvidas muitas pessoas que carregam grande significado para vida cristã, entre elas, Pôncio Pilatos. Que mandou castigar Jesus e condenou-O a morte de cruz.
Pilatos foi o governador romano da província da Judeia, entre os anos 26 d.C. a 36 d.C., durante o reinado do imperador Tibério. Não existem muitos relatos históricos de sua vida e de seu governo, pouco se sabe sobre ele, e há algumas especulações sobre como morreu. O que se sabe era que ele também era a maior autoridade judicial da província.
Os historiadores Flávio Josefo e Filon de Alexandria descrevem alguns fatos envolvendo Pilatos. Entre eles, está a ordem violenta do governador para reprimir uma revolta dos judeus que manifestavam contra a utilização do dinheiro do templo para construção de um aqueduto em Jerusalém, episódio esse que estudiosos acredita ter sido mencionado pelo evangelista Lucas (Lc 13,1).
E outro caso envolvendo Pilatos, ocorreu no ano 35 d.C., no qual ele usou a força e a violência para conter uma multidão de samaritanos no monte Gerizim. Este evento levou a morte muitas pessoas e após o ocorrido, os samaritanos fizerem uma queixa ao superior de Pilatos, o governador da Síria, Lúcio Vitélio. Ele ordenou que Pôncio fosse a Roma dar explicações ao imperador Tibério, porém antes de chegar a capital do império, o imperador veio a falecer.
A partir desse momento começa as especulações sobre Pôncio Pilatos. Destituído do governo, alguns dizem que ele se arrependeu pela condenação a Jesus e suicidou. Outros contam que o seu arrependimento o levou a conversão e que viveu como cristão, fato descritos no Evangelho Apócrifo de Nicodemos (ou Ata de Pilatos).
A Igreja Ortodoxa venera a esposa do governador, Claudia Prócula, como santa por ter defendido Jesus sem conhecê-Lo, apenas vendo-O em sonhos (Mt 27, 13). E o próprio Pilatos é considerado santo na tradição da Igreja Ortodoxa Etíope.
Porém, o julgamento e a condenação de Pilatos a Jesus Cristo marcaram a sua vida. Nos evangelhos é perceptível a sua atitude frente a Jesus, o governador não encontrará motivos para condena-Lo a morte, “Pilatos convocou então os príncipes dos sacerdotes, os magistrados e o povo, e disse-lhes: ‘apresentastes-me este homem como agitador do povo, mas interrogando-o eu diante de vós, não achei culpado de nenhum dos crimes de que o acusais. Nem tampouco Herodes, pois no-lo devolveu. Portanto, ele nada fez que mereça a morte. Por isso, eu o soltarei depois de o castigar’” (Lc 23, 13-16) e sabia que os fariseus e o sumo sacerdote o entregará por inveja e medo (Mc 15, 10).
Pilatos temia a Cristo, reconhecia a Sua autoridade e pela conversa que tiveram, procurava meios de livra-Lo da condenação, “Pilatos então lhe disse: ‘tu não me respondes? Não sabes que tenho poder para te soltar e para te crucificar” (Jo 19, 10). Contudo Jesus sabia que era preciso passar pela cruz para que a salvação se cumprisse na vida dos homens, e por esse motivo deixou ser condenado.
E a pressão do povo levou-o a escolher o caminho mais fácil (Mc 15, 15). Entretanto, não foi apenas o medo da multidão, o tumulto que crescia e a pressão do sumo sacerdote – “Mas os judeus gritavam: ‘se o soltares, não és amigo do imperador, porque todo o que se faz rei se declara contra o imperador’” (Jo 19, 12) – Pilatos não queria perder seu poder, seu controle, sua comodidade. Soltar a Jesus era enfrentar o “sistema”, ir contra o mundo e abrir mão dos bens que conquistou: riquezas e poder politico e jurídico.
Por isso, o governador condenou um inocente à morte, e morte por cruz. E para tentar se livrar da culpa, se fez de inocente e responsabilizou o povo pelo ato cruel que cometiam, “[Pilatos] fez com que lhe trouxessem água, lavou as mãos diante do povo e disse: ‘sou inocente do sangue deste homem. Isto é lá convosco!’” (Mt 27, 24b).
O gesto de lavar as mãos para se inocentar pelo sangue derramado não é uma pratica romana, e sim dos judeus, foi instituído pela Lei do Antigo Testamento, no livro de Deuteronômio (Dt 21). E Pilatos assim o fez, para que os judeus não o responsabiliza-se pela morte do Rei dos Judeus.
Contudo, sentenciar um homem a morte só porque a multidão estava tumultuando e por não querer perder os poderes que tem, não faz de Pilatos inocente, e sim um covarde que não luta pelo o que é certo.
Assim, também é muitos cristãos. Muitos vivem uma vida boa, mas não lutam pelo o que é certo e não se sentem no direito de lutar, acham que não estão envolvidos e por essa razão não tem culpa.
Todavia, se vivemos em comunidade e permitimos que nossos irmãos se percam no pecado, se não nos ajudamos mutuamente e se em nossa vida esquecemo-nos dos outros, na verdade estamos agindo como Pôncio Pilatos.
Ao ver o mal no mundo e não o combatemos, achamos que o que está acontecendo não nos cabe e que não fazemos nada por estar longe, estamos condenando a Cristo e lavando as mãos para nos inocentar.
O cristão não pode e não deve fugir da pratica do bem. Devemos fazer tudo o que esta em nosso alcance para promover a paz e o amor. Viver em Cristo é lutar pelos inocentes, é se impor sobre o “sistema” que oprime e destrói. É sair do conformismo e abrir mão dos bens terrenos, por um mundo justo e igualitário, aonde todos tem voz e vez.
Assim instruí São Paulo: “Mas tu, ó homem de Deus, foge desses vícios e procura com todo empenho a piedade, a fé, a caridade, a paciência, a mansidão. Combate o bom combate da fé. Conquista a vida eterna, para o qual foste chamado e fizeste aquela nobre profissão de fé perante muitas testemunhas. Em presença de Deus, que dá a vida a todas as coisas, e de Jesus Cristo, que ante Pôncio Pilatos abertamente testemunhou.” (I Tm 6, 11-13).

Que Deus os abençoe, que o Espirito Santo te ilumine e que Maria Santíssima te acompanhe.
A paz de Cristo esteja contigo e com sua família! Amém.

sábado, 12 de março de 2016

Abraço de Pai - Walmir Alencar

ABRAÇO DE PAI
Walmir Alencar

Quanto eu esperei, ansioso queria te ver
E te falar o que há em mim, já não podia me conter
Me decidi, Senhor, hoje quero rasgar meu viver
E te mostrar meu coração, tudo o que tenho e sou

E por mais que me falem, não vou desistir
Eu sei que nada sou, por isso estou aqui
Mas eu sei que o amor que o Senhor tem por mim
É muito mais que o meu, sou gota derramada no mar

Quanto tempo também o Senhor me esperou
Nas tardes encontrou saudade em meu lugar
Mas ao me ver na estrada ao longe voltar
Num salto se alegrou e foi correndo me encontrar

E não me perguntou nem por onde eu andei
Dos bens que eu gastei, mais nada me restou
Mas olhando em meus olhos somente me amou
E ao me beijar, me acolheu num Abraço de Pai

***

Quando reconhecemos nossa pequenez e nossa fragilidade e assumimos nossas culpas e falhas estamos com o coração pronto para o arrependimento. Devemos, então, voltar ao Senhor e conversar nossos pegados, cometidos contra Deus, contra os homens e contra a nós mesmo. Suplicar vosso perdão e sua misericórdia.
Porém, o pecado nos fere e nos mácula profundamente, a ponto de estarmos indigno de aproximarmos de Deus. A vergonha e a desonra toma conta de nosso ser.
Contudo, o Amor do Senhor é maior que tudo e não importa nosso estado, os caminhos que trilhamos, nossa condição. Ele vê a luz do nosso coração e esperar pelo nosso retorno.
Deus é nosso Pai. Acima de nossos pecados está o seu Amor Infinito. Ele vai ao nosso encontro. Não importa pelo o que passamos, o que perdemos. O Senhor Deus nos acolhe, pois retornamos a Sua casa. E num Abraço de Pai ganhamos um novo futuro, uma nova vida.

Tudo é do Pai - Pe. Fábio de Melo

TUDO É DO PAI
Pe. Fábio de Melo

Eu pensei que podia viver por mim mesmo

Eu pensei que as coisas do mundo

Não iriam me derrubar
O orgulho tomou conta do meu ser
E o pecado devastou o meu viver

Fui embora, disse: ó Pai, dá-me o que é meu!
Da-me a parte que me cabe da herança
Fui pro mundo, gastei tudo
Me restou só o pecado
Hoje sei que nada é meu
Tudo é do Pai

Tudo é do Pai
Toda honra e toda glória
É Dele a vitória
Alcançada em minha vida
Tudo é do Pai
Se sou fraco e pecador
Bem mais forte é o meu Senhor
Que me cura por amor

***


O pecado nos leva acreditar que podemos viver sem Deus, que o mundo satisfará nossos desejos e anseios. Porém, o que o mundo oferece é um prazer momentâneo, a custa de um alto preço, a nossa liberdade e nossa vida.
Esquecemos que tudo que temos e que somos foi feito pelo Senhor. Nossa vida, nossas conquistas, nossos sonhos, nossos bens, tudo pertence a Deus. Ele nos dá por amor, mas pelo pecado nós perdemos todas as graças.
Entretanto, não importa o tamanho do pecado, por Amor o Senhor nos cura e nos liberta. A Ele toda honra e toda glória.

quinta-feira, 10 de março de 2016

Eu não entendi, pode explicar sobre o Jejum novamente?

Fazemos jejum para ganhar uma graça de Deus?
Por quanto tempo devo jejuar para ganhar a graça?
Se eu não cumprir todo o jejum, a graça de Deus virá pela metade? 
Seguindo os ensinamentos do Senhor e as Sagradas Escrituras, é recomenda a prática do jejum como forma de penitencia interior, conversão do coração, domínio dos instintos e fortalecimento da fé.
Não devo fazer um jejum com a finalidade de ganhar algo em troca. Jejuar não é uma negociação com Deus, e sim, uma intenção de aumentar minha fé enquanto espero no Senhor.

Então para que fazer jejum?
O jejum é uma forma de mostrar para mim que não preciso de coisas mundanas e passageiras, que eu quero e necessito apenas do Senhor. Que qualquer coisa dessa terra não se compara com aquilo que Deus tem para mim.
Jejuar é seguir uma proposta de entrega ao Senhor. É se deixar levar apenas pela graça de Deus, sem se importar com as coisas que fica para traz, até porque não são importantes.

Não cumprir o jejum é pecado? Devo pedir perdão?
O jejum é uma coisa que você faz em devoção a Deus, é abrir mão de algo para o Senhor. Se você não o cumpriu, não significa que está pecando, mas sim, que você deve se dedicar mais a Deus e fortalecer sua fé para se mantiver longe das coisas terrenas e se aproximar apenas das coisas celestes.
Você pode pedir perdão, mas não porque não conseguiu jejuar e sim porque não deve forças para se manter firme na proposta que fez ao Senhor.

Posso fazer jejum de algo que não gosto?
Não, o jejum sempre deve ser de algo que parece agradável ao corpo, algo que você deseja e gosta, para que ao abrir mão você sinta falta e no final perceba que aquilo é passageiro e inútil a sua vida e o que verdadeiramente importa é estar junto com o Senhor.

Quando acabar o jejum posso comer de tudo?
A prática do jejum deve transformar sua vida, leva-lo a entender que não precisa daquilo que se absteve. Porém não quer dizer que você deve tirar tudo da sua vida, apenas não deixe ser levado por aquilo que jejuou.
Por exemplo, se você faz jejum de chocolate por 40 dias e quanto acaba volta a comer doce e chocolate desesperadamente para compensar o que não comeu, o seu jejum não serviu de nada. Após o jejum, você pode comer chocolate, mas diferente de como comia antes, sem ser por necessidade, por apenas como qualquer outro alimento.

Posso usar o jejum como dieta?
Não. O jejum não deve ser feito com objetivos pessoais, ele deve mudar seu coração e sua vida, não o seu corpo. Tem pessoas que fazem jejum do cigarro e depois abandonam o vicio, mas porque o jejum a ajudou a perceber os maléficos do cigarro. Porém essa mudança não precisa vim do jejum, a pessoa apenas tem que ter a vontade de mudar e largar os vícios.

O jejum tem que ser apenas de comida?
Podemos fazer jejum de qualquer coisa, como comida, bebida, ou objetos, por exemplo, celulares, internet, televisão e outros mais. Qualquer coisa que possa me afastar do caminho de Deus.

Por quanto tempo devo jejuar?
O tempo do jejum será escolhido por você, apenas devemos ter o compromisso de seguir todo o tempo sem muda-lo para nos satisfazer. Por exemplo, se resolvi fazer jejum de carne por 40 dias e depois descubro que uma semana antes de terminar será aniversario de um amigo, eu não posso mudar o tempo do meu jejum para aproveitar a festa, devo ir à festa e não comer carne.
E também posso fazer em determinados dias da semana, por exemplo nas quartas-feiras e nas sextas-feiras.

Se eu tiver fazendo jejum de carne, posso substituir por outra coisa?
Não. Se estou jejuando de carne, não devo passar a comer ovo todos os dias, senão não estarei abrindo mão de algo. Simplesmente troquei o alimento, mas a vontade de comer não será controlada.
Fazer jejum é controlar suas vontades. Se na minha casa tem carne todo dia e não estou comendo, devo então ver os outros comerem e não sentir necessidade de comer também. Não deve me fazer falta aquilo que estou jejuando, pois o que me completa não é a carne, ela é algo superficial em minha vida.

Quanto devo fazer jejum? 
A Igreja nos recomenda a prática do jejum em três momentos, no tempo quaresmal, antes das celebrações eucarísticas (missa) e nos dias da Quarta-feira de Cinzas e Sexta-feira da Paixão.
Na quaresma, o jejum tem como objetivo converter nossos corações e nos preparar para celebrarmos a Páscoa. Dessa forma, o “sacrifício” limpa nossa alma para recebermos a Salvação. É feito nos 40 dias da Quaresma e pode ser daquilo que desejamos retirar de nossas vidas ou que falsamente achamos necessário.
O jejum da Quarta-feira de Cinzas e da Sexta-feira da Paixão é instituído pela Igreja para nos preparar para o novo tempo litúrgico que se iniciará. Marcar o inicio do tempo de conversão (quarta-feira) e nos recorda do sacrifício feito por Cristo na cruz (sexta-feira). O jejum pedido pela Igreja é de abstermos de comer carne.
E por ultimo, a Igreja nos pede que antes de recebermos a Sagrada Eucaristia jejuemos de qualquer tipo de alimento, como forma de purificação. Atualmente, se pede o jejum de 1 hora antes do momento de comunhão, mas antigamente já pedido o tempo de 3 horas, e ainda de 8 horas.

Posso não fazer o jejum?
Sim. O jejum é pedido pela Igreja, mas não é obrigatório. É um gesto de preparação, conversão e purificação que praticamos com objetivo de agradar a Deus com nosso “sacrifício” e dedicação. A Igreja aconselha que se estivermos doente ou mulheres gestantes (ou que estão amamentando) ou idosos podem se abster da pratica do jejum.
E no caso do jejum antes da missa, por exemplo se você trabalhou muito e está fadigado e vai para igreja, pode (e deve) se alimentar antes, com o intuito de preservar a saúde.

Mas alguma dúvida?
Só para complementar, o jejum é pessoal. Se eu estou jejuando, não devo obrigar que minha família faça o mesmo. Ninguém deve se abster de comer algo só porque você está de jejum. E o seu jejum não deve dar trabalho para os outros. Sua mãe não tem que fazer outro tipo de alimento para você comer.
E você pode completar a pratica do jejum com a pratica da caridade, o alimento que você vai deixar de comer deve ser doado a quem não tem e que precisa.

Espero ter ajudado e se quiser saber mais pode perguntar.


Deus te abençoe, que o Espírito Santo te guie e que Maria Santíssima interceda por ti.

A Paz de Cristo esteja contigo e com sua família!