quarta-feira, 23 de março de 2016

Qual deve ser meu sentimento na Sexta-feira da Paixão?

Muitos se perguntam sobre o que pode ou não pode fazer na Sexta-feira da Paixão. Sabemos que não podemos comer carne, mas o que mais? Posso comer doce? Tomar bebida alcoólica? Ir a uma festa? Comemorar o aniversário? Posso ler um livro ou ver um filme? Jogar videogame, cartas, futebol ou vôlei? E muito mais...
Muitos se preocupam no poder ou não-poder, porém esse não é o sentido da Sexta-feira da Paixão. Seu significado é muito maior do que simplesmente ir a igreja e não comer carne.
Entre as práticas indicadas pela Igreja está o jejum de carne vermelha, evitar qualquer tipo de jogo de azar (ou que depende de sorte), desviar-se dos vícios e buscar um estado reflexivo e de calmaria.
Contudo, o que motiva a Sexta-feira da Paixão não são as práticas exercidas, e sim o sentimento que conduz o dia. Na verdade, este sentimento se inicia na noite da Quinta-feira Santa e se encerra na noite do Sábado Aleluia.
Para quem desconhece a historia, no ano de 33 d.C., durante a noite, após Jesus Cristo tomar a Ceia da Páscoa com seus apóstolos, foram rezar no Monte das Oliveiras. Então os guardas do sumo sacerdote vieram e o prenderam.

Cena do filme Paixão de Cristo (2004)

[Jesus disse:] “‘Levantai-vos e vamos! Aproxima-se o que me há de entregar.’ Ainda falava, quando chegou Judas Iscariotes, um dos Doze, e com ele um bando armado de espadas e cacetes, enviado pelos sumos sacerdotes, escribas e anciãos. Ora, o traidor tinha-lhes dado o seguinte sinal: Aquele a quem eu beijar é ele. Prendei-o e levai-o com cuidado. Assim que ele se aproximou de Jesus, disse: ‘Rabi!’, e o beijou. Lançaram-lhe as mãos e o prenderam.” (Mc 14, 42-46).

Cristo então passou toda a madrugada sozinho na prisão. Na sexta-feira de manha fora julgado por Pilatos e foi castigado e sentenciado a morte, morte de cruz.

“Conduziram Jesus ao lugar chamado Gólgota, que quer dizer lugar do crânio. Deram-lhe de beber vinho misturado com mirra, mas ele não o aceitou. Depois de o terem crucificado, repartiram as suas vestes, tirando a sorte sobre elas, para ver o que tocaria a cada um. Era a hora terceira quando o crucificaram. Desde a hora sexta até a hora nona, houve trevas por toda a terra. E à hora nona Jesus bradou em alta voz: ‘Elói, Elói, lammá sabactáni?’, que quer dizer: ‘Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?’ Jesus deu um grande brado e expirou.” (Mc 15, 22-25.33-34.37).

Assim, após a morte de Cristo, que se deu as 15h da tarde, seus discípulos fugiram e se esconderam, com medo, frustrados e triste para viverem o luto.

"Passado o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé compraram aromas para ungir Jesus. E no primeiro dia da semana, foram muito cedo ao sepulcro, mal o sol havia despontado. E diziam entre si: ‘Quem nos há de remover a pedra da entrada do sepulcro?’ Levantando os olhos, elas viram removida a pedra, que era muito grande. Entrando no sepulcro, viram, sentado do lado direito, um jovem, vestido de roupas brancas, e assustaram-se. Ele lhes falou: ‘Não tenhais medo. Buscais Jesus de Nazaré, que foi crucificado. Ele ressuscitou, já não está aqui. Eis o lugar onde o depositaram. Mas ide, dizei a seus discípulos e a Pedro que ele vos precede na Galiléia. Lá o vereis como vos disse.’” (Mc 16, 1-7).

E no domingo (primeiro dia da semana) os discípulos descobrem que Jesus Cristo Ressuscitou, que na madrugada, antes do sol apontar, Ele saiu do sepulcro e venceu a morte. Esses são os acontecimentos que marcaram a historia, a vida dos cristãos e a Igreja.
Dessa forma, a Igreja Católica celebra a memoria desses dias na Semana Santa. E na noite da Quinta feira Santa vivemos a dor da solidão de Cristo na prisão. Na Sexta feira da Paixão vivemos a amargura e o sofrimento do Senhor no alto da Cruz e na descida a mansão dos mortos. E no Sábado de Aleluia, aguardamos a Luz Nova que ilumina nossos corações. Isso é o Tríduo Pascal.
Seria como viver o luto dos discípulos, que viram seu Mestre ser preso, condenado e morto. Eles estavam em luto e nós devemos estar. Contudo, o luto dos discípulos é triste, é frustrado e sofrido e magoado. O nosso luto não pode ser assim.
O luto do Tríduo Pascal não é triste, é reflexivo, é calmaria, é um deserto espiritual, é de passividade que tem como alicerce a certeza da Ressurreição. Cristo já ressuscitou e não morre mais, então não há porque ficar triste.
Precisamos aproveitar esse momento para nos aproximar de Deus, compreender o mistério da Paixão de Nosso Senhor Jesus que abriu seu coração para derramar o perdão e a misericórdia do Pai e nos guiar para o caminho da Salvação.
Por isso, não importa o que posso ou não fazer. Na verdade, devemos nos silenciar na Quinta feira Santa, ficar introspectivo até a Celebração do Fogo Novo, na Vigília Pascal no Sábado Aleluia. Viver o momento e guarda a alegria para gritar e anunciar que Jesus Cristo Ressuscitou e viver toda a alegria e o amor de Deus.


Deus te abençoe, que o Espírito Santo te guie e que Maria Santíssima interceda por ti.

A Paz de Cristo esteja contigo e com a sua família! Amém.

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